Atual diretor do Hospital de Ipixuna, meu brother Jaques
Castro chegou do município na última quinta-feira, 20, passou no meu mocó e já
foi me intimando:
– Domingo vou fazer um churrasco na casa da Ângela! Convida o
teu pessoal pra marcar presença!
O Jaques é esperto.
Ele sabe que o meu “pessoal”, ou seja, a turma com quem mais
tomei birita ao longo do ano cabe dentro de um fusca (Simas Careca Selvagem,
Giovanni Gigio, Áureo Petita e José Roberto Pinheiro) e que, portanto, não vai
dar muita despesa.
Coincidentemente, no sábado, 22, um homeboy de Itacoatiara,
membro do Partido Verde, havia me enviado um quarto de capivara criada em
cativeiro e convenci meu cunhado Nelson Correa a preparar o acepipe para
reforçar a churrascada do Jaques.
Além do quarteto tradicional de cachaceiros, convidei apenas
o jornalista e abstêmio Mário Dantas, que é um dos últimos bastiões em defesa
da autêntica culinária regional (tatu, paca, cutia, capivara, tartaruga, veado,
porco do mato, anta e similares. Peixe é para os fracos!).
No domingo, 23, por volta do meio dia, eu, Gigio e Mário
Dantas fomos pra mansão da Ângela, lá no Conjunto Canaã, onde começamos a
biritar animadamente.
O Simas chegou logo depois, acompanhado do filho Ícaro
Michel, um dos abatedores de lebres mais promissores da família e o atual
Arquimandrita da Igreja Ortodoxa do Jacaré Imperial, que tem autorização da
AMOAL para utilizar os protocolos secretos da organização e operar sob a égide
da Sabedoria Devassa.
Frequentada basicamente por jovens de 18 a 29 anos, que
estão se iniciando na senda da iluminação sagrada também conhecida como “sexo
casual”, a Igreja Ortodoxa do Jacaré Imperial tem algumas regras pétreas.
Eles são ortodoxos, ou seja, só comem mulheres e estão convencidos
de que “comer” implica tão somente em enfiar o bilau nos sete orifícios da
fêmea.
Se algum membro for pego praticando cunninlingus, por
exemplo, será expulso da igreja aos pontapés.
Ortodoxia é isso.
Os sacanas escolheram como símbolo o jacaré por dois
motivos.
Primeiro, porque o jacaré é um animal onívoro, isto é, come
tudo que aparece pela frente (que nem eles, cujo controle de qualidade vai pras
cucuias depois da primeira dose de cerveja).
Segundo, porque “Jacaré” também é o apelido do engenheiro
Luís Mário Ladeira, 72 anos, fundador e presidente perpétuo do Movimento dos
Machões Mineiros (MMM) e da Banda Mole, a mais tradicional agremiação
carnavalesca de Belo Horizonte (MG).
Imperial, claro, vem do compositor e agitador cultural Carlos
Imperial, um dos santos canonizados pela AMOAL.
Meu sobrinho não me explicou direito como funciona o sistema
de admissão de novos membros na sua igrejinha, mas, pelo pouco que entendi,
trata-se apenas de uma prosaica “suruba” em que os neófitos ficam simplesmente
olhando os membros ativos se divertirem enquanto servem bebidas, preparam
canapés e colocam músicas animadas (forró ou funk pancadão) no aparelho de som.
O sacrifício imposto aos neófitos parece ser bastante
instrutivo e talvez isso explique a baixa evasão de fiéis.
Mas voltando à churrascada do Jaques Castro.
Entre os convidados estavam Naires Rocha, Zito, Sônia
(recém-chegada da Terra Indígena Maturacá, no alto Rio Negro, onde aposentou
quase 300 ianomâmis), Dr. Menandro, Dr. Marcão, Dra. Eliana, Dr. Ricardo,
Gleice (sempre linda e de alto astral), Coronel Augusto, Gastão, Lourencinho
Borghi, Graça, Ribamar, Selma, Isabelly, Simone, Nelson e Selane, que a exemplo
do Mário Dantas puxou o carro mais cedo.
Por meio da doce Bárbara, nós ficamos sabendo que a Ângela
Castro, sua mãe, estava antecipando os festejos do próprio aniversário (que é hoje,
dia 26, junto com o da minha irmã Silane).
Antes do “Parabéns pra você”, Jaques Castro pediu a palavra
para exortar a amizade a todos os presentes e fez um rápido balanço sobre o que
é passar 175 dias longe da família, enfurnado nos cus de Judas.
Aí, sim, começou o panavueiro propriamente dito.
No quesito birita, havia uísque (Johnnie Walker Red,
Ballantine’s e Chivas), cachaça mineira, vodka, vinho tinto, energéticos,
refrigerantes e cervejas (Itaipava, Brahma e Devassa).
No quesito rango, paella à Valenciana, galinha à Cabidela,
pernil de forno, guisado de capivara, vatapá, caruru, baião de dois, arroz
carreteiro e todo tipo de churrasco (picanha, maminha, fraldinha, coração,
calabresa, carneiro e bisteca de porco).
No quesito canapés, queijos de vários tipos, salame,
mortadela, pastéis portugueses, amendoim, ovos de codorna e empanados variados.
Abaixo, alguns registros da fuzarca feitos pelo Mestre
Pinheiro:
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