Muito bem, gafanhoto, você desistiu de comer a mulher do
chefe e assestou sua bateria antiaérea para abater a mulher que é a sua chefe
imediata. Ótimo. Ela tem tanto interesse em esconder o caso quanto você. Mas é
melhor para a sua saúde e a sua carreira que a iniciativa parta dela. Porque se
você tomar a iniciativa e ela te der um corte de navalha na lata (“Não se
enxerga não, inferno?! Tô dizendo...”), seu emprego foi pra casa do chapéu. E,
nessa crise econômica permanente, perder o emprego só é melhor pouquinha coisa
do que torcer pelo Vasco da Gama no campeonato brasileiro. Sei disso porque sou
cruzmaltino.
No mais, a ansiedade de performance (a causa mais comum de
flacidez no órgão envolvido na operação) estará no pico. Uma falha aqui pode
ser ainda mais desastrosa do que o normal (como se o normal não fosse
desastroso o suficiente). O rompimento também não costuma ser dos mais fáceis.
Se você já assistiu ao filme em que a Demi Moore transforma a vida do Michael
Douglas em um inferno já sabe bem do que se trata.
Se a sua próxima alternativa for bancar o predador de
colegas de empresa em festa no trabalho, fique esperto. Amadores se concentram
na palavra “festa”. Profissionais, na palavra “trabalho”. Festa no trabalho não
é festa. É extensão do trabalho. Ponto. Taí o grande Miguel Mourão que não nos deixa
mentir.
As regras da festa no trabalho são as mesmas da empresa.
Portanto, apareça, sorria e saia (sóbrio) antes de o primeiro idiota ficar
bêbado, começar a abraçar o chefe e pedir pra ele cantar “Maluco Beleza”, do
Raul Seixas. Sim, a Claudinha vai estar lá, vai encher a cara e vai insinuar que de
repente, quem sabe?
Mas quando o primeiro babaca começar a dançar Gangnam Style
usando a gravata como chicote, você deve estar bem longe – de preferência na
festa de escritório de uma empresa com a qual você não tenha o menor vínculo.
Resumo da ópera: pessoas com bom senso não têm casos no
trabalho. Foram elas que criaram a frase “Onde se ganha o pão…” (você sabe o
resto).
Tony Soprano, o macho-alfa supremo, citava seus antepassados
italianos para dizer “Non cagare dove mangi”. Menos elegante, certo, mas você
pegou o espírito da coisa.
Pessoas com bom senso vivem mais e mais tranquilamente. Os
outros, evidentemente, se divertem muito mais. Escolha o seu lado e boa sorte,
gafanhoto! Depois não diga que não avisei.
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