Por Ivan Lessa
Os britânicos não são muito chegados a estátua. Mesmo assim,
de dimensões modestas e de pessoas já falecidas. Os britânicos preferem placa. Faz
sentido: é prático e cumpre a mesma função de homenagear uma pessoa.
Estátua é conosco, brasileiros. De preferência, equestre.
Outro dia mesmo, soube, pelos jornais, que o colunista
social Zózimo Barroso do Amaral ia ganhar, numa praça de Ipanema, onde morava, uma
estátua em tamanho natural.
Quase que sugeri, em crônica para jornal carioca, botarem o
pobre do Zózimo num cavalo, já que o cronista costumava frequentar a Hípica.
Os britânicos estão começando a abrir exceções. Já está
pronta a estátua da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, cognominada, pelos
então soviéticos, de A Dama de Ferro.
Dama de Ferro prestes a se tornar em Dama de Mármore. E
mármore dos bons, de Carrara.
A versão Século XXI da agora Baronesa Thatcher, terá 2
metros e meio de altura e pesará uma tonelada e meia. Para muitos, uma visão
grandiosa. Para outros, apenas assustadora.
A nova versão deverá ornamentar – se é esse o verbo – o
saguão da Câmara dos Comuns, onde Thatcher comandou as ações, por assim dizer,
durante 11 longos e saudosos anos, segundo muitos conservadores atualmente
desiludidos com o partido e desesperançados de tão cedo voltar ao poder.
Esses vão ter que se contentar com a estátua.
A Dama de Mármore de Carrara posou apenas 8 vezes para o
responsável pela obra, o escultor Neil Simmons, que a ela se refere como “uma
modelo brilhante com quem se pode falar de tudo”.
A Dama de Mármore de Carrara custou mais ou menos 75 mil
dólares a um doador que, misteriosamente, insistiu em permanecer anônimo.
No Parlamento, a estátua fará sombra a outras figuras
importantes da vida política britânica: Disraeli, Lloyd George, Asquith,
Balfour e até mesmo Churchill.
Com um detalhe importante, nenhum deles leva uma bolsinha –
ou bolsona – dependurada no braço direito.
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