Por Carlos Turdera
Onipresente na vida digital, referência em inovação e
primeira opção para milhões de usuários, o Google é, na realidade, a encarnação
de um poder maléfico que tem como finalidade o domínio do mundo através do
controle sem piedade de todos os cidadãos.
Esta é a tese divulgada pelo consultor norte-americano Scott
Cleland que apresentou no Brasil, pela primeira vez fora dos Estados Unidos,
seu livro Search and destroy, Why you can’t
Trust Google Inc. (“Busque e destrua: porque você não pode confiar no
Google Inc.”, na edição em português, da Editora Matrix).
“O Google é uma CIA privada”, disse Cleland ao portal Terra,
fazendo um paralelo entre a quantidade de informação que o buscador acumula
sobre os usuários de seus serviços e os arquivos sobre cidadãos que são
atribuídos à central de inteligência norte-americana.
“O usuário mais seguro é o usuário informado e cuidadoso.
Não o que confia cegamente na internet, menos ainda o que confia no Google”,
destacou Cleland, ao explicar os motivos pelos quais, a respeito do buscador, “é
melhor ser desconfiado do que crédulo”.
Entre esses motivos, o pesquisador – que levou suas
denúncias contra a empresa até o Congresso dos Estados Unidos em três ocasiões –
cita um estudo da ONG Privacy International segundo o qual o Google está em
último lugar entre as 23 companhias líderes de internet no que se refere ao
respeito à privacidade.
Além disso, enumera Cleland, “é preciso levar em conta que
ao apresentar seus resultados o Google prioriza informação fornecida por seus
anunciantes”. Isso expõe a ética da corporação que “usa seu slogan don’t be evil (não seja mau, em tradução
livre) para disfarçar suas práticas”, denuncia.
O autor, que é consultor de clientes corporativos da Fortune
500 (a lista anual de empresas pelo volume de negócios, realizada pela revista
Fortune) ilustra tais práticas com uma frase do próprio presidente do Google,
Eric Schmidt: “Existe uma linha sinistra (...) e a política do Google é ir o
mais possível até esta linha, mas não cruzá-la”.
“O Google patenteou um método para rastrear o modo que você
usa o mouse do seu computador. Finge ser um cordeiro inofensivo e escolheu como
mascote um tiranossauro Rex, o maior predador pré-histórico conhecido”, dispara
o autor em sua apresentação.
Em sua obra, Cleland apresenta esse outro lado da história
da companhia, uma “superpotência solitária da internet”, que se converteu na
empresa “que mais compilou informação em toda a história, além de ter inventado
numerosos modos de utilizá-la”.
Nas quase 400 páginas do livro, o autor – que foi assessor
do Departamento de Estado dos EUA em Políticas de Informação e Comunicação, e é
considerado atualmente o analista independente número um por investidores
institucionais – lança afirmações pontualmente documentadas com mais de 700
fontes.
“A empresa até agora não respondeu minhas acusações”, disse
Cleland. “Quando o fizer, deverá também responder pelo que faz”.
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