Augusto Nunes
Os desdobramentos das investigações sobre a máfia do ISS
confirmam que, sempre que coloca testas inimigas na alça de mira, o PT acaba
acertando o próprio pé. Desta vez, coube a Fernando Haddad o papel de atirador
trapalhão.
Decidido a compensar com gestos espetaculosos os estragos
político-eleitorais causados pela superlativa elevação do IPTU, o prefeito
enfiou-se na fantasia de faxineiro do Planalto de Piratininga e desencadeou a
guerra de extermínio contra a multidão de larápios que herdou de Gilberto
Kassab.
Nesta terça-feira, atropelado por gravações constrangedoras e nomeações
muito mal explicadas, o secretário de Governo Antonio Donato teve de deixar o
cargo.
É a baixa mais vistosa desde o início dos barulhos. E é só a
primeira, previnem as suspeitas que rondam o secretário Jilmar Tatto e outras
velharias que cercam aquele que seria, segundo marqueteiros sempre inventivos,
um novo homem para um novo tempo.
Quem esconde fantasmas no sótão da própria
casa não deve procurá-los no porão do vizinho, advertiu o post aqui publicado
em maio de 2012 e agora reproduzido na seção Vale Reprise. O texto se inspirou
na CPI do Cachoeira, planejada em abril daquele ano por Lula e José Dirceu.
Na cabeça da dupla, a operação que mobilizou a base alugada
fulminaria com uma bala de prata dois alvos goianos ─ o senador Demóstenes
Torres, do DEM, e o governador tucano Marconi Perillo.
Deu tudo errado. O
projétil ricocheteou no companheiro Agnelo Queiroz, governador de Brasília,
provocou ferimentos de bom tamanho no parceiro fluminense Sérgio Cabral e
seguiria fazendo vítimas entre os aliados se a CPI não fosse sepultada às
pressas pelos pais da ideia de jerico.
Tem sido assim desde janeiro de 2002, quando Altos
Companheiros apareceram no velório de Celso Daniel para animá-lo com o jogral
das viúvas inconsoláveis.
Meses antes, começou o deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh, panfletos apócrifos distribuídos em São Paulo avisaram que uma
organização de extrema direita decidira liquidar fisicamente políticos
petistas, mas o governo FHC ignorou os sinais de perigo.
Em novembro de 2001,
continuou o deputado Aloizio Mercadante, o prefeito Toninho do PT fora morto a
tiros numa avenida de Campinas.
O assassinato do prefeito Celso Daniel, concluiu o deputado
José Dirceu, confirmou que os extremistas não estavam brincando.
Agora era
tarde, lastimou em coro a trinca inconformada com a insensibilidade dos tucanos
no poder.
Já na largada das apurações policiais ficou claro que a misteriosa
organização era tão real quanto a transposição das águas do Rio São Francisco.
Em seguida, uma enxurrada de evidências comprovou que Celso Daniel fora
silenciado por integrantes de um esquema corrupto montado, com o incentivo e a
proteção do próprio prefeito, para extorquir empresários do setor de
transportes.
Ao descobrir que alguns sócios na roubalheira estavam
embolsando o dinheiro que deveria desaguar exclusivamente nos cofres do PT,
Celso Daniel comunicou que denunciaria o desvio do desvio.
Antes que cumprisse
a ameaça, foi eliminado a mando de ex-parceiros que orbitavam em torno da
estrela vermelha.
Faz quase 12 anos que a força-tarefa coordenada por Gilberto
Carvalho tenta transformar em homicídio comum um crime político. Não conseguiu.
Nem vai conseguir, alerta a ofensiva do Ministério Público que já conseguiu a
condenação de vários acusados e agora fecha o cerco em torno de Sérgio Gomes da
Silva, o Sombra.
A instauração da CPI do Cachoeira provou que a companheirada
não aprendera com o assassinato de Celso Daniel.
O despejo do principal
secretário de Haddad acaba de provar que a lição da CPI do Cachoeira não foi
assimilada. Reincidentes de nascença não têm cura.
Um comentário:
Olá Simão Pessoa, estamos precisando do seu e-mail para enviar correspondência sobre o Toque de Poesia feito por Vera Casa Nova e eu na rádio UFMG Educativa. Estou no aguardo, abraços,
Rosaly Senra (rosaly.senra@gmail.com)
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