Quem lê um pouco sobre ciência humanas, não só antropologia
mas coisas como genética, mecânica celular e até o misterioso funcionamento do
cérebro, fica impressionado com a confirmação constante da teoria da evolução
das espécies que, como as principais sacadas do Einstein na física, ainda não
foi desmentida. No fim, dos três pensadores revolucionários do século 19 –
Marx, Freud e Darwin –, só Darwin continua com seu prestígio em alta e sua
teoria intacta. Só Darwin derrotou a oposição.
Nem Marx nem Freud foram exatamente desautorizados pelo
tempo. O marxismo continua dando as melhores direções para se entender o
processo do mundo e há quem diga que nem como professor Marx fracassou, pois
nada do que está acontecendo por aí foge muito do seu manual. Mas a sua
revolução do pensamento foi absorvida e, para a grande parte da humanidade, continua
sendo a heresia, não a verdade. Freud ainda é importante, mas ele e a sua
revolução também foram engolidos, digeridos e, em grande parte, evacuados, para
usar uma imagem como as de que ele gostava.
A terapia freudiana individual se modificou, embora ainda
não esteja perto do dia quem os comprimidos substituirão os analistas, e
nenhumas das implicações sociais das suas descobertas chegou a ter muita
influência na História. E, de certa maneira, as idéias de Marx e de Freud
tiveram que brigar entre si, o que as enfraqueceu na sua corrida pela
relevância com a heresia de Darwin.
Talvez Darwin deva sua permanência não apenas à autenticação
científica, mais fácil no seu caso do que nos casos de Marx e Freud, mas ao
fato de ter um inimigo mais fraco, embora parecesse ser mais formidável. Marx
teve que brigar com o capital internacional. Freud teve que enfrentar a
mentalidade vitoriana e todos os mitos estabelecidos da nossa sexualidade e do
nosso caráter. Darwin parecia que tinha contra si uma Igreja tirânica e
seus dogmas de ferro, e só tinha a singela parábola inaugural de um homem e uma
mulher e um paraíso.
O criacionismo ainda tem seus defensores mas, desde o
século 19, estava condenado ao descrédito, e pela própria Igreja. Na verdade,
estava condenado ao descrédito desde que Eva desobedeceu ao Criador e comeu
aquela fruta, e a ciência começou.
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