– Vou te matar, Chico Buarque! – berrou o homem com a
pistola na mão.
– Calma, meu amigo, eu sou Djavan! – respondeu o outro,
guardando sua própria pistola na cueca de algodão.
– Que nada, você é o Chico Buarque mesmo! – protestou o corno.
– Sou não, quer ver?... Castelo de romã no oceano/ Pirão,
peixe e batata/ Na manhã do desengano/ Eu pisei numa barata...
– Não entendi nada... – gemeu o traído.
– Tá vendo?... Eu sou mesmo o Djavan. Agora, com licença que
tá na minha hora.
O cantor e compositor foi caindo fora do quarto. De tão feliz,
até cantarolava: “Vai passar, nessa avenida um samba popular...”
Ele já estava no corredor, quando o marido saiu do estupor e
apontou de novo a arma pra ele:
– Alto lá, vagabundo! Eu ouvi isso. Você é o Chico Buarque
sim!
E o Djavan de olhos cor de ardósia emendou: “Popular feito
dinossauro samurai/ Sabor de maça pra copular/ Odin, Zeus, Manitu e Adonai!”
E pegou o elevador rimando “marsupial” com “pega no meu
pau”.
(Edson Aran in O Imbecilismo e Outros Textos de Humor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário