Por Edilson Martins
Os extremismos e a identidade dos fanáticos, em todos os níveis – religioso, político ou cultural – se afetam o mundo, mais afetam ainda o Brasil atual. Em tempos como os de hoje, ai de quem não se filie num desses extremos. Vira demônio alienado.
Não somos o país da cordialidade, como pregaram alguns pretensos sociólogos. Cascata. Fomos edificados a partir de guerras, conflitos, retaliação vigorosa de movimentos populares e não poucos massacres.
Derramamento de sangue tem pontuado nossa história, embora se invocando o nome de Deus, da religião, da piedade, do amor ao próximo.
Se a esquerda não invoca Deus, vitoriosa, transforma seu líder supremo em Deus, Grande Guia.
Não só entre nós.
Somos o país das lorotas históricas, celebradas pelos vitoriosos. Fomos o último a eliminar a escravidão, depois até mesmo de Cuba, e tivemos uma capacidade exemplar de exterminar e subjugar nações indígenas, sem praticamente nenhum escândalo. Mais de um milhão por século.
Agora, nesta segunda década do 3º milênio, a chapa vai ficando cada vez mais quente. Extremistas de direita e esquerda estão como o bom diabo gosta. Estão se retroalimentando, uma adubando o ódio da outra. Quem tiver seus pelotões de contenção, suas tropas de choque, seus cruzados, que fiquem atentos, mobilizados.
Até porque, desde a república, nada mais temos sido que uma republiqueta onde se revezam períodos de liberdade, nunca tão longos, imediatamente substituídos por golpes, golpes militares, nem sempre de curto fôlego.
Amós Oz já nos ensinou que fanático é aquele que “só sabe contar até um”. Sua matemática se esgota nele, não vai além dele.
E viva o religioso e pacato povo brasileiro.
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