Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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sábado, novembro 28, 2009
Omelete de boto tucuxi
Lucimar Mamão e Neisa Andrade carregando Gilberto Mestrinho durante um comício na Compensa
Agosto de 1982. Depois de passar 18 anos sem participar de um comício em Manaus, Gilberto Mestrinho, candidato a governador pela segunda vez, está na ponta dos cascos para iniciar sua campanha vitoriosa. O primeiro comício será realizado no bairro da Alvorada.
A fim de consolidar a mística de “queridinho do mulherio amazonense” atribuída a Gilberto Mestrinho, seu secretário particular e responsável pelo guarda-roupa do candidato, Luiz Pacheco, treinou exaustivamente quatro guerreiras para a hercúlea tarefa de carregar o boto tucuxi no meio da multidão: Lucimar Mamão, Nega 70, Mariona e Neisa Andrade. Elas decoraram a coreografia direitinho.
No dia e na hora combinada, assim que o Opala preto estacionou nas proximidades do comício e Gilberto colocou as pernas fora do veículo, Lucimar Mamão e Mariona enfiaram as mãos entre as pernas do candidato, lhe levantaram que nem um paneiro de farinha, o acomodaram nos ombros e saíram desfilando pelo meio da multidão. As fogosas Neisa Andrade e Nega 70 iam na frente, abrindo caminho entre as pessoas.
O candidato começou a contorcer a cara de dor e gemer monocordicamente:
– Aiiiii, Pachequinho!... Aiiii, Pachequinho!... Aiiii, Pachequinho!...
Preocupado com a situação, Pachequinho saiu desesperado em busca de um médico, entre as dezenas de candidatos perfilados no palanque. Só faltava aquela: o boto ter uma nova crise renal no seu primeiro comício...
Quando Lucimar Mamão e Mariona conseguiram chegar ao palanque, Gilberto já estava pálido que nem defunto e suando frio. O médico Paulo Henrique Freitas, um candidato a deputado estadual convocado às pressas pelo Pachequinho pediu pra pessoas se afastarem do candidato majoritário enquanto ele tentava descobrir o que havia acontecido.
– Rapaz, eu não via a hora de chegar logo nesse palanque! – explicou Gilberto, enquanto procurava se recompor. “Da próxima vez, Pachequinho, você me dá uma cueca Zorba. Em dia de comício, está proibido você me equipar com cueca samba-canção...”
Só então a ficha caiu.
Por causa da folgada cueca samba-canção, na hora do pega pra capar os ovos do boto tucuxi ficaram presos entre o ombro da Mariona e sua própria perna.
E a tortura chinesa havia demorado quase cinco minutos. Acontece.
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Um comentário:
Adoro seu blog, leio todos os dias.
Hellen
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