Jon Lord, tecladista e cofundador do grupo de rock britânico
Deep Purple, morreu em um hospital de Londres aos 71 anos, informou seu site
oficial na última segunda-feira.
“É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento de Jon
Lord, que sofreu uma embolia pulmonar fatal, hoje, segunda-feira, 16 de julho,
no Clinic de Londres, após uma longa batalha contra o câncer de pâncreas. Jon
estava cercado por sua amorosa família”, segundo a mensagem no site.
Virtuoso e prolixo, ele foi pioneiro na fusão do rock com a
música orquestral e ficou conhecido por produzir ao lado de Ian Gillan
(principal vocalista do Deep Purple) o lendário Concerto for Group and
Orchestra, espetáculo de música clássica tocada pela banda e a Orquestra
Filarmônica Real de Londres, em 1969.
A apresentação, conduzida por Malcolm Arnold, foi repetida
em 1999, no Royal Albert Hall, desta vez pela Orquestra Sinfônica de Londres. O
concerto ainda rendeu um disco e turnê mundial, que passou pelo Brasil em 2000.
Entre suas composições com o Deep Purple estão as clássicas “Smoke
On The Water”, “Chasing Shadows”, “Highway Star”, além de ser responsável pelo
riff de “Child In Time”.
Segundo o site oficial do artista, Lord estava acompanhado
pela família no momento de sua morte. O músico, que deixou o Deep Purple em
2002, revelou sofrer de câncer em agosto do ano passado.
“Gostaria que meus amigos, seguidores e fãs soubessem que
estou lutando contra o câncer e, por isso, farei uma parada em minha carreira
enquanto faço o tratamento para buscar a cura”, disse o músico na época.
Jon Lord nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, em
Leicester, na Inglaterra, em 9 de junho de 1941.
Aos 5 anos, ele começou a ter aulas de piano clássico.
Rapidamente, aprendeu o repertório de Bach e também temas pop.
Aos 19 anos, sonhando se tornar um ator, recebeu uma bolsa
de estudos em Londres, para onde se mudou.
Ao mesmo tempo, começou a tocar em pubs, apresentando um
repertório que misturava jazz e rhythm and blues, influenciado por músicos como
Jimmy Smith e Jerry Lee Lewis, antes mesmo de adquirir seu primeiro órgão
elétrico.
A carreira de ator foi ficando para trás enquanto Lord ia
fazendo currículo com bandas como The Artwoods e Santa Barbara Machine Head,
nas quais o órgão Hammond (instrumento que adotara como o seu preferido) já se
destacava, conduzindo as músicas.
Em 1968, formou o grupo que o tornaria famoso, o Deep Purple
(inicialmente chamado de Roundabout), ao lado do baterista Ian Paice e do
guitarrista Ritchie Blackmore.
No mesmo ano, o grupo gravou o seu primeiro disco, “Shades
of Deep Purple”. Depois vieram “The Book Of Taliesyn” e “Deep Purple”.
Mas foi só com a entrada do vocalista Ian Gillan e do
baixista Roger Glover, em 1969, que o Deep Purple começou a chamar a atenção.
Lord teve papel fundamental no disco “The Concerto for Group
and Orchestra”, com a participação da Royal Philharmonic Orchestra, numa fusão
de rock e sons clássicos que marcaria o chamado som progressivo dos anos 1970.
No trabalho seguinte, porém, o Deep Purple deixava a conexão
sinfônica de lado e, com “In Rock”, criava os pilares do hard rock, através de
músicas como “Speed King” e “Into The Fire”.
A participação de Lord foi marcante em outro momento
marcante do disco, “Child In Time”.
Ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath, o Deep Purple se
consagraria naquela década também como um dos precursores do heavy metal, em
particular graças ao álbum “Machine Head”, de 1971.
Gravado num estúdio improvisado na Suíça, após um incêndio,
ele gerou outros hits eternos do grupo, como “Highway Star” e “Smoke On The Water”.
Com essa formação, considerada até hoje “clássica” pelos fãs
do grupo, o Deep Purple ainda gravou os discos “Who Do You Think We Are” e o ao
vivo “Made In Japan” (ambos em 1973).
Depois disso, a banda passou por diversas mudanças internas,
até o seu fim, em 1976, com Lord e o baterista Paice se mantendo em todas as
formações.
Com o vocalista David Coverdale (ex-Purple), Lord ainda
participou do grupo Whitesnake.
O Deep Purple ainda renasceria em 1984, com o tecladista,
até Lord definitivamente encerrar suas atividades com a banda, em 2002.
Entre 1969 e 2011, Lord lançou 19 álbuns de música
orquestral, solo ou ao lado do Deep Purple, sendo o último Jon Lord Live
(Bucharest 2009).
Nos últimos tempos, ele participou do projeto Who Cares, ao
lado de Ian Gillan, Tony Iommi, Jason Newsted e Nicko McBrain, entre outros.
Gravou
apenas um single, “Out Of My Mind”. O dinheiro arrecadado com as vendas
do CD foram usados em um projeto beneficente.
Ainda em 2009, o músico apresentou o Concerto For Group And
Orchestra na Virada Cultural de São Paulo.
Na ocasião, o regente Rodrigo de Carvalho conduziu a
Orquestra Sinfônica Municipal ao seu lado.
De grande contribuição à música, Lord foi condecorado em
2010 como membro honorário da Stevenson College, nos Estados Unidos.
Casado com Vickie, irmã gêmea de Jackie, esposa do baterista
Ian Paice, ele deixa duas filhas.
Um comentário:
Simão, antes de mais nada valeu pela menção. É triste constatar mas o rock está ficando cada vez mais sem graça, principalmente quando sabemos que mais um grande artista como Jon Lord se foi. Numa era medíocre onde Lady Gagas e Michéis Teló são ícones da juventude isso se acentua mais ainda. Mas como diria o nosso Raulzito "Os homens passam, as músicas ficam", e a obra de Lord e Deep Purple ficou.
Abraços
Delcimar
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