O órgão, que
externamente é superpequeno, tem uma estrutura interna bem complexa.
Daiana Geremias
Até pouco tempo, acreditava-se que a mulher era incapaz de
sentir prazer sexual, tanto é assim que a palavra “histeria”, que você deve
conhecer, já foi usada para definir o comportamento de mulheres apáticas, agressivas,
irritadas e desanimadas. Essas mulheres histéricas passaram a ser mais bem
estudadas no século XIX, quando alguns médicos descobriram que massagens nos
órgãos sexuais dessas mulheres poderiam levá-las a experimentar sensações que
diminuiriam os efeitos da histeria.
Esses estudos logo se transformaram em uma das vertentes da
psicanálise, que tem como um de seus objetivos a busca do entendimento entre a
relação de sexo e comportamento social. Os conceitos de histeria serviram como
um importante fator para que a repreensão sexual feminina fosse colocada em
pauta.
Anatomia
Anos depois, as mulheres já têm algumas respostas mais
completas a respeito do próprio corpo, embora alguns tabus e preconceitos ainda
não tenham sido completamente derrubados. A própria estrutura anatômica do
clitóris, por exemplo, parece ser um mistério, tanto que até pouco tempo não se
sabia ao certo como o órgão funcionava.
Então vamos aos fatos: você precisa compreender que a
minúscula estrutura visível do clitóris é uma pontinha do iceberg, já que não
pode ser considerada somente a parte externa, mas também as conexões nervosas
internas, que fazem grande parte do trabalho.
Vamos à aula de anatomia, então: a parte pequenina, que você
consegue ver, é chamada de glande, que contém cerca de 8 mil terminações
nervosas, muito mais do que qualquer parte do corpo humano e simplesmente o
dobro do que existe na glande masculina, encontrada na extremidade do pênis.
Apesar de toda essa sensibilidade, a maior parte do clitóris é interna, ou
seja: essas 8 mil terminações nervosas não estão sozinhas.
Tridimensional
Essa estrutura escondidinha se divide em duas formas
cavernosas, as cruras, que medem até 9 cm e circulam as regiões internas que
formam o canal vaginal, o que faz com que alguns cientistas possam afirmar que
o prazer sentido durante a penetração provém do próprio clitóris – ainda que a
vagina propriamente dita também seja sensível a estímulos de prazer.
Muitos livros de anatomia ainda estão incompletos quando o
assunto é o clitóris, pois fazem superdescrições a respeito do lado externo do
órgão e acabam desconsiderando que a maior parte dele é interna. Ainda assim,
quando a região interna é bem analisada, são consideradas suas formas bidimensionais,
e não as tridimensionais – uma análise que faz toda a diferença. As primeiras
imagens tridimensionais do clitóris, que são as que ilustram essa matéria,
foram produzidas somente em 2009.
Ao contrário do que se imaginava em tempos que definiam insatisfação
sexual como histeria, as mulheres não só podem ter prazer como contam com uma
estrutura perfeitamente capacitada para isso.
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