Ivan
Pé-de-mesa
Carnaval,
ninguém desconhece, é festa de corno. Toda vez que chega o chamado
tríduo momesco, você fica entre a cruz e a espada de eros. É que
nos três dias de folia, como dizia Seng Tzu, tudo come tudo.
Você,
como cidadão respeitado e que ganha 700 paus por mês, fica numa
dúvida atrás.
Se
brincar, você leva gaia. E se não brincar, a ponta come no centro.
Na
sexta-feira gorda, você chega para Dona Encrenca e, do alto da sua
moral, manda um papo reto: “Esse ano eu não quero saber de
carnaval!”
E
ela, impassível, arremata em cima da bucha: “Tudo bem. Mas eu vou
brincar!”
Pronto.
Taí o que se chama impasse. Se você radicaliza e se manda para o
fim do mundo chamado Maraã ou, então, para retiro espiritual em
Itamarati, onde Leonardo e outros boffs se reúnem para resolver os
problemas de quem prefere sair na gandaia, os chifres vão ficar
coçando.
E,
na maioria das vezes, não sem razão.
Mas
se você se rende e cai na folia com a mocra do lado, o resultado não
é dos mais animadores.
Vai
ter nego passando a mão no ganha-pão dela. Outro, dando cheiro no
cangote. Até o momento em que um, malandramente, vai oferecer um
cheirinho de loló pra vocês dois.
Porre
do jeito que está, você recusa, dizendo que é coisa de marginal e
que faz mal pro coração.
E
ela, indiferente ao seu mau humor, vai cheirar lépida e fagueira,
num guardanapo de papel, onde está escrito o telefone do malandro,
pra ela ligar logo na quarta-feira ingrata.
Ingrata
pra você, meu bichim, porque a essa altura do campeonato muita coisa
já entrou.
Como
disse no começo desse post, carnaval é festa de corno.
E
não se fala mais nisso.
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