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sábado, março 07, 2020

Será o Benedito, Santa Etelvina?



O investigador Paulo César Dó, o “Pixoreca”

Junho de 1989. Disposto a se transformar em um pequeno produtor rural, Simas Pessoa comprou um imenso terreno (10x50m) em uma área de invasão, lá pras bandas do bairro de Santa Etelvina, praticamente a dois quilômetros do fim do mundo.

Todo final de semana, ele e sua parceira Dinha se mandavam pra lá, para roçar o mato e preparar o terreno para o início do plantio de feijão carioquinha. Passou seis meses nessa odisseia.

Em um determinado final de semana, ao chegar ao local, quando o feijão carioquinha estava começando a brotar, ele teve uma surpresa: seu terreno estava totalmente cercado com mourões e arame farpado.

Num dos mourões de sustentação do arame farpado, uma imensa tabuleta continha um aviso definitivo: “Propriedade particular. Os invasores serão recebidos à bala”.

Simas ficou tão puto que nem desceu do carro. Aquela sacanagem merecia uma resposta à altura. Ele voltou imediatamente para a Cachoeirinha e foi procurar o investigador Paulo César Dó, o “Pixoreca”, que vivia se jactando de possuir uma arma de fogo em casa para se defender de eventuais visitas do alheio.

Ele bateu na porta do investigador e, assim que este abriu a porta, Simas meteu um papo reto:

– Porra, Pixoreca, preciso daquele teu pau de fogo emprestado para fazer um acerto de contas lá no Santa Etelvina...

Paulo César entrou na casa e voltou com uma pequena Beretta 950B, semiautomática, calibre 22 curto (5,5 mm).

Simas colocou a arma na cintura, entrou no carro e, quando se preparava para ir embora, Paulo César se aproximou timidamente da janela e também mandou um papo reto:

– Parceiro, só tem um problema: a arma está sem balas...  As balas pra Beretta estão caras pra caralho!...

Simas queria briga.

Só não enfiou a arma no rodiscley do investigador porque teve pena.

E nunca mais quis saber do terreno-quase-sítio em Santa Etelvina, a padroeira dos lesos manauaras.

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