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quarta-feira, março 11, 2020

Um feminista-raiz avant la lettre



Agosto de 1984. O boêmio Nei Parada Dura estava indo pra casa depois de uma farra no Bar Xorimã, quando viu um sujeito espancando violentamente uma mulher em plena Avenida João Alfredo (atual Djalma Batista), quase no cruzamento da Rua Pará.

Como era de madrugada e a avenida estava completamente deserta, o sujeito ia acabar matando a mulher se ninguém acudisse.

Apesar de estar bêbado, Nei estacionou o carro, desceu e já foi pagando geral:

– Deixa de ser covarde, filho de uma égua! Vem bater num macho igual a ti!

Antes que o sujeito percebesse o que estava acontecendo, Nei já havia lhe dado um tapão no pé do ouvido e uma rasteira.

O cabra se desmanchou no chão.

Ágil como um gato, Nei Parada Dura caiu em cima do sujeito e quando ia começar a lhe quebrar a venta, recebeu um duro golpe de mangará de banana no meio das costas.

Ele se virou pra trás pra saber o que estava acontecendo.

Desferindo novos golpes de mangará contra ele, a mulher não parava de gritar:

– Para de bater no meu marido, nego safado! Para de bater no meu marido, nego safado!

Nei Parada Dura ficou injuriado.

– Ah, aquele escândalo todo que vocês estavam fazendo na rua era briguinha de casal, é? Pois agora os dois vão entrar na porrada pra aprenderem a não fazer palhaçada em via pública!

E encheu de porrada o marido e a mulher.

Depois, entrou no carro e foi embora, com a certeza do dever cumprido.

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