O ator Agildo Ribeiro estava andando de táxi em Nova York. Os motoristas de praça de lá são obrigados a afixar no painel retrato, nome e número de inscrição no departamento de trânsito local.
Agildo olhou a foto do homem e teve de conferir com o original para se certificar.
O sujeito usava aqueles bigodes de Salvador Dalí – longos, pontiagudos e quebrados para cima como dois chifres finos de touro miura.
Em suma, um cara estranho e que, ainda por cima, ouvia Vivaldi solenemente no toca-fitas do carro.
– Isso é coisa de viado! – comentou com o companheiro de viagem.
– Só pode ser! – concordou o outro. “Esse cara, além de esquisitísão, também ouve música de boiola. Com certeza deve gostar de agasalhar croquete...”.
Num dado momento, o carro desembocou numa praça – a Washington Square – e o ex-parceiro do recalcitrante Topo Gigio fez uma observação:
– Parece a praça da República, em São Paulo.
O motorista abaixou o volume das “Quatro Estações”, de Vivaldi:
– Absolutamente! – disse em português do Bixiga. “Esta praça é muito mais bonita. Até quando neva”.
E voltou a aumentar a música com igual solenidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário