No início da carreira, o embaixador Maury Gurgel Valente, então casado com a escritora Clarice Lispector, servia junto à representação brasileira em Paris.
Numa recepção que promoveu nos salões da Embaixada, Maury convidou, entre outras pessoas, o escultor Alfredo Ceschiatti que estava de passagem pela cidade, e um major do Exército brasileiro que visitava a França em missão bélico-comercial, ou seja, comprar máquinas de extermínio.
Meio à festa povoada de ilustres personalidades, o major aproximou-se de Ceschiatti e sabendo-o escultor, perguntou-lhe:
– O senhor prefere mulheres brancas ou pretas como modelos?
Ceschiatti esquivou-se como pôde. Afinal, pouco importava a cor do modelo.
– Pois eu – declarou o major, enfático, num tom de voz que o fez ouvido por todos – não dispenso uma boa negra!
Percebendo o constrangimento que semeara em torno, corrigiu, diligente:
– Com exceção, naturalmente, das senhoras aqui presentes.
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