Responsável por alguns dos maiores hits da disco music,
Donna Summer morreu na manhã desta quinta-feira,17, aos 63 anos. A cantora
sofria de câncer e estava vivendo na Flórida, nos Estados Unidos.
Segundo o
programa de televisão norte-americano “Entertainment Tonight”, ela havia sido
diagnosticada com câncer havia 10 meses e apenas seu marido e filhos sabiam
disso. Donna deve ser velada e enterrada na cidade de Nasville nesta
segunda-feira, 21, ainda segundo o programa.
“Na manhã de hoje perdemos Donna Summer Sudano, uma mulher
com muitos dons, o maior deles sua fé”, disse a família da cantora em comunicado
divulgado à imprensa local. “Enquanto choramos sua morte, celebramos em paz sua
extraordinária vida e seu contínuo legado. As palavras realmente não podem
expressar o quanto agradecemos por suas orações e seu amor por nossa família neste
delicado momento”, acrescentou a família em nota.
Segundo o site TMZ, ela sofria de câncer de pulmão e
acreditava ter desenvolvido a doença depois de inalar partículas tóxicas
durante os ataques terroristas de 11 de setembro, em Nova York. Há poucas
semanas, o TMZ foi informado que a saúde de Donna Summer não estava tão ruim, e
que sua preocupação era finalizar o novo disco em que estava trabalhando.
Donna Summer esteve no Brasil em 2009 com a turnê do disco “Crayons”,
seu primeiro álbum de inéditas em 17 anos, cujo single “Stamp Your Feet”
colocou a cantora novamente no topo da parada norte-americana. Nas músicas mais
recentes, ela deixou de lado a disco music de 30 anos atrás e fez soarem mais
próximas de cantoras atuais, como Rihanna, Beyoncé ou Pink.
Nascida na periferia pobre da cidade de Boston, em 1949 – na
época, ela morava num cortiço com mais três famílias –, LaDonna Adrian Gaines
foi descoberta durante uma apresentação no coral da igreja que frequentava e começou
sua carreira como vocalista de apoio do trio Three Dog Night. Ainda
adolescente, integrou um grupo de rock psicodélico chamado The Crow. Em 1967,
deixou a casa dos pais para estrear nos palcos da Broadway, numa montagem do
musical “Hair”.
Em 1972, ela passaria por mais uma mudança de endereço.
Durante a montagem teatral do musical “Hair”, em Munique, na Alemanha
Ocidental, ela conheceu o produtor austríaco Helmut Sommer, com quem casou,
adotando o nome artístico de Donna Summer. Com ele, a cantora teve sua primeira
filha em 1973. O casal se separou tempos depois. Na Áustria, Donna Summer cantou
nas óperas “Porgy & Bess” e “Showboat” e teve duas canções, “Hostage” e
“Lady Of The Night”, nas paradas europeias, embora continuasse inédita em seu
país natal.
Em 1976, ao se separar do marido, a cantora voltou para os
Estados Unidos, onde conheceu o produtor italiano Giorgio Moroder, considerado
um verdadeiro mago dos efeitos eletrônicos. Donna Summer já havia gravado na
Europa uma versão de “Je T’Aime” (um clássico dos anos 60, onde os gemidos de
Jane Birkin davam a impressão de que ela estava sendo comida pelo seu então
namorado – e produtor do single – Serge Gainsbourg), quando surgiu a idéia de
fazer “Love To Love You Baby”, uma releitura ainda mais hardcore da música
original francesa.
Com a produção de Giorgio Moroder, “Love To Love You Baby”
foi lançada em 1976, nos Estados Unidos, numa versão disco music de 16 minutos,
com muitos sussurros, gemidos e outros ruídos insinuantes. Criou-se, então, uma
polêmica em torno daquilo que foi batizado de “pussy music”, “música de
bocetas”, as trilhas sonoras ideais para serem tocadas em motéis enquanto os
casais faziam amor.
Um crítico da revista Time chegou a revelar seu espanto
diante da “maratona de 22 orgasmos” de Donna Summer durante uma só faixa.
Obviamente, toda essa movimentação foi uma excelente publicidade e os LPs que
se seguiram utilizaram os mesmos ingredientes.
O trabalho da dupla ajudou a definir a era disco e serve até
hoje de influência para nomes da música pop e eletrônica. Juntos, eles gravaram
sucessos como “Last Dance”, “Love To Love You Baby”, “I Feel Love” e “Bad Girls”.
Outro clássico de Donna Summer é “Hot Stuff” (1979), que faz parte da trilha
sonora da novela “Avenida Brasil”, da TV Globo.
A carreira de Donna Summer foi coroada com cinco Grammy,
incluindo os de melhor performance vocal feminina em rock e melhor gravação
dance, e seis prêmios American Music Awards.
Apelidada de “Rainha da Disco
Music”, a própria cantora chegou a
zombar da nomeação em uma música de seu último álbum. “Foi um jeito de rir do
fato dessa imagem de rainha ter prevalecido por tanto tempo”, disse ela na época
do lançamento sobre a música “The Queen is Back”.
Em julho do ano passado, ela se reuniu em um estúdio de Los
Angeles com seu sobrinho, o rapper e produtor O’Mega Red. Juntos, eles lançaram
a música “Angel”.
Além da música, Summer também se aventurou no cinema. Em
1978, ela atuou no filme “Até que Enfim é Sexta-Feira” como uma cantora
aspirante de disco. Na década de 1990, Summer ainda apareceu na série de TV “Family
Matters”.
Nos anos 80, Donna Summer se casou com o vocalista do grupo
The Brooklyn Dreams, Bruce Sudano, com quem teve duas filhas.
A morte da cantora movimentou o mundo artístico. Em
comunicado, Elton John lamentou o ocorrido e disse que considera a cantora mais
do que a “Rainha da Disco”. “Ela nunca ter entrado no Hall da Fama do Rock &
Roll é uma desgraça total, especialmente quando vejo talentos de segunda
categoria sendo incluídos. Ela é uma grande amiga para mim e para a Fundação
Aids Elton John, e eu vou sentir muito a sua falta”, disse ele.
Contemporânea de Summer, a cantora e atriz Dionne Warwick
também divulgou nota sobre o caso. “Meu coração está com a família e os filhos
dela. As preces os manterão fortes”, disse ela. Pelo Twitter, o cantor e
produtor de música eletrônica Moby também prestou tributo. “Muito, muito
triste. Donna Summer morreu. Palavras não expressam o impacto e a influência
que ela teve na música”, escreveu ele.
O grupo de música eletrônica Ladytron lembrou comentário do
produtor Brian Eno sobre a cantora. “Ao ouvir I Feel Love em 1976, Brian
Eno disse a David Bowie que ele havia ouvido o futuro. Nós ouvimos. Descanse
em paz, Donna Summer”. O produtor Timbaland também falou sobre a morte de
Summer: “Isso não pode ser verdade... Não posso acreditar que Donna Summer
morreu. Estou sem palavras”.
Descanse em paz querida Donna Summer. Sua voz foi a batida
do coração e a trilha sonora de uma década. (Quincy Jones, produtor)
Outra lenda se foi. Que a linda rainha da disco Donna Summer
descanse em paz. (Nicki Minaj, cantora)
Estamos perdendo tanta gente boa... Ontem foi o padrinho do
go-go, Chuck Brown. Hoje, Donna Summer, rainha da disco. Que essas lendas que
trouxeram tanto amor e luz para a música descanssem em paz. (M.I.A., cantora)
Estou muito triste com a notícia da morte de Donna Summer.
Eu era uma grande fã. Até usei uma de suas músicas no meu programa de
hoje. (Ellen DeGeneres, apresentadora)
Lembro de estar sentado no Toyota da minha mãe enquanto ela
cantava a música de Donna Summer “she works hard for the money”. Suas músicas
eram clássicas. (Ryan Seacrest, apresentador)
Por que estamos perdendo todos os nossos ícones? Donna Summer
foi ótima até o fim e sempre será nossa rainha da disco! (Debbie Gibson,
cantora)
Triste ouvir sobre a morte de Donna Summer. Que voz e
quantos clássicos ela fez. É o som da disco. (Sophie Ellis Bextor, cantora)
Vamos sentir falta de Donna Summer! Ela mudou o mundo da
música com sua linda voz e grande talento. (Janet Jackson, cantora)
A rainha do disco nos deixou. Donna Summer sempre estará
viva por meio de sua música! Obrigado por sua voz incomparável e por sua grandeza.
(Thalia, cantora)
Uma das minhas primeiras inspirações musicais. Descanse em
paz. Bad girls para sempre (Kylie Minogue, cantora)
É uma perda terrível. Ela era de fato a rainha da disco. (La
Toya Jackson, cantora)
NOTA DO EDITOR DO MOCÓ
Em meados dos anos 70, quando eu, Jaques Castro, César Abu e
Rui Johnny Mathis morávamos juntos num “apertamento”, no bairro da Glória, eram
as músicas da Donna Summer que embalavam nossas peraltices com as meninas muito
dadas que frequentavam o covil.
Os discos “Love To Love Baby” e “I Feel Love” eram
executados tantas vezes que acabavam furando. Não posso garantir, mas acho que compramos
mais de cinco elepês de cada um deles, na saudosa loja Disco de Ouro, do
comendador Simones, apenas pra não deixar a ferveção diminuir.
Não era pra menos. Bastavam os gemidos iniciais da Donna
Summer para as seis, sete, oito meninas, que frequentavam o “apertamento” nas
noites de sexta-feira, ficarem à beira de um orgasmo múltiplo. Aí, era só
correr pro abraço. Bons tempos, zifio, bons tempos!
É natural que eu também esteja muito triste com a morte da
nossa diva. Valeu, bad girl!
Nenhum comentário:
Postar um comentário