Os Rolling Stones estão na estrada desde 1962. A longevidade é ainda mais impressionante se for computado o ritmo dissoluto de shows, viagens, mulheres e drogas que sempre cercaram a carreira dos músicos.
Mas o que surpreende mais na longa trajetória da banda é sua capacidade de mudar, de apresentar novidades, de trazer referências que vêm de dezenas de ritmos e experiências sonoras.
Por isso, o livro de Alan Clayson é tão útil: ele passa em revista álbum a álbum da banda (além de coletâneas, raridades e discos solos), com fichas técnicas e resenhas bem elaboradas.
A entrada e saída de músicos, com sua influência na sonoridade de cada disco, é anotada com cuidado.
Como a mais traumática, a de Brian Jones, que, mesmo antes de morrer, já vinha tendo sua vaga reservada para Ry Cooder, já que suas loucuras não estavam sendo mais toleradas (dá para imaginar o que seriam loucuras não toleradas por Keith Richards).
O primeiro problema do autor foi ordenar a bagunça da cronologia dos discos, entre os lançamentos exclusivamente ingleses e os que chegaram aos dois lados do Atlântico (e depois de todo o mundo).
O melhor fica mesmo com as resenhas dos álbuns e das faixas.
O autor contextualiza os trabalhos dentro da trajetória do grupo (turnês, novos músicos, influências), fala do relacionamento entre os artistas (não há casamento tão longo que não tenha traições e quebradeiras) e trata dos problemas com gravadoras e empresários.
Ao analisar os discos propriamente, organiza a entrada em cena das influências que vão do blues ao reggae, passando por dezenas de experiências sonoras ao longo das décadas.
Vale a pena dar uma zoiada.
The Rolling Stones – gravações comentadas & discografia completa
De Alan Clayson.
Editora Larousse,
470 páginas, R$ 59,90
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