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quarta-feira, agosto 22, 2012

O Artur Neto que eu conheço! (1)



Filho do advogado e jornalista Artur Virgílio Filho e da pedagoga Isabel Vitória, Artur Neto nasceu em Manaus, em 15 de novembro de 1945.

Em 1959, após seu pai ter sido eleito deputado federal pelo PTB no ano anterior, Artur Neto e a sua família foram morar no Rio de Janeiro, na época capital federal do país.

Em 1964, Artur Neto foi aprovado no concorrido vestibular de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e logo começou a militar no movimento estudantil que combatia a ditadura.

No emblemático livro “1968: O Que Fizemos De Nós” (Editora Planeta, 2008), o jornalista Zuenir Ventura falou sobre esse período:

Em 68, Artur Virgílio Neto era militante do então clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB) e diretor de Relações Institucionais do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco Livre), da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Seu pai, o então senador Artur Virgílio Filho, por também combater a ditadura, teve os direitos políticos suspenso por dez anos pelo AI-5, aos 48 anos de idade.

Esse pai nacionalista e legalista, mais do que de esquerda, ainda que sempre ligado a ela, líder do PTB e do governo João Goulart, que acreditava mais nas reformas que na revolução, foi quem influenciou na adolescência Virgílio Neto.

“Eu gostava do simpático Jango, que, vez por outra, nos visitava – ele era vice-presidente da República; admirava a bravura de Leonel Brizola, meu herói de capa e espada da Cadeia da Legalidade, de 1961, e considerava JK o caminho mais justo para o Brasil de 1965. A figura de Luís Carlos Prestes surgia distante, um pouco mártir; Fidel inspirava-me forte simpatia, e Guevara incitava ao sonho, soando-me menos político do que ídolo da contracultura”.

O golpe militar de 64, o seu ingresso no curso de Direito da então Faculdade Nacional, a repressão, a polícia invadindo seu apartamento e obrigando a mãe e os irmãos a cantar o Hino Nacional virados para a parede, tudo isso levou o jovem a se aproximar do Partido Comunista Brasileiro, o PCB – ou Partidão.

Nomeado diretor de Relações Institucionais do Caco Livre, Virgílio Neto passou a ter uma ativa militância política. “Sofri e pratiquei violência nas ruas do Rio, apanhei e bati. Ajudei a queimar carros da polícia e a derrubar cavalos espalhando bolinhas de gude pelo asfalto. Em compensação, meu curso foi retardado e padeci algumas prisões rápidas, felizmente sem tortura física”.

O senador Artur Virgílio guarda dessa época agitada muitas histórias, uma das quais o marcou até hoje. Depois do golpe de 64, refugiou-se em sua casa no Rio um jovem líder sindical, quase analfabeto, mas extremamente inteligente e corajoso. E radical. Era quem mais agitava. De repente, sumiu e nunca mais foi visto.

“Certo dia”, conta o líder do PSDB, “o centro do Rio virara praça de guerra, e me vi encurralado na rua Buenos Aires, achando que tinha chegado a minha hora”. Carros da polícia em chamas, gente machucada dos dois lados, eis que Virgílio ouve uma voz: “Deixem esse comunista filho da puta comigo. Este é meu. Cuidem dos outros”.

Com palavrões, mandou que o estudante caminhasse. Chegando à avenida Rio Branco, sussurrou: “Neto, sai correndo, vou dizer aos outros que te perdi. Não olha para trás. Devo isso à dona Isabel, tua mãe. Na próxima, você não terá perdão”. Era o rapaz que fora acolhido em sua casa. “Chamava-se Wellington Uchoa do Nascimento, e tinha virado agente da repressão”.

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