Filho do advogado e jornalista Artur Virgílio Filho e da
pedagoga Isabel Vitória, Artur Neto nasceu em Manaus, em 15 de novembro de
1945.
Em 1959, após seu pai ter sido eleito deputado federal pelo
PTB no ano anterior, Artur Neto e a sua família foram morar no Rio de Janeiro,
na época capital federal do país.
Em 1964, Artur Neto foi aprovado no concorrido vestibular de
Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade Nacional de Direito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro e logo começou a militar no movimento estudantil que
combatia a ditadura.
No emblemático livro “1968: O Que Fizemos De Nós” (Editora
Planeta, 2008), o jornalista Zuenir Ventura falou sobre esse período:
Em 68, Artur Virgílio Neto era militante do então
clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB) e diretor de Relações
Institucionais do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco Livre), da
Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Seu pai, o então senador Artur Virgílio
Filho, por também combater a ditadura, teve os direitos políticos suspenso por
dez anos pelo AI-5, aos 48 anos de idade.
Esse pai nacionalista e legalista, mais do que de esquerda,
ainda que sempre ligado a ela, líder do PTB e do governo João Goulart, que
acreditava mais nas reformas que na revolução, foi quem influenciou na
adolescência Virgílio Neto.
“Eu gostava do simpático Jango, que, vez por outra, nos
visitava – ele era vice-presidente da República; admirava a bravura de Leonel
Brizola, meu herói de capa e espada da Cadeia da Legalidade, de 1961, e
considerava JK o caminho mais justo para o Brasil de 1965. A figura de Luís
Carlos Prestes surgia distante, um pouco mártir; Fidel inspirava-me forte
simpatia, e Guevara incitava ao sonho, soando-me menos político do que ídolo da
contracultura”.
O golpe militar de 64, o seu ingresso no curso de Direito da
então Faculdade Nacional, a repressão, a polícia invadindo seu apartamento e
obrigando a mãe e os irmãos a cantar o Hino Nacional virados para a parede,
tudo isso levou o jovem a se aproximar do Partido Comunista Brasileiro, o PCB –
ou Partidão.
Nomeado diretor de Relações Institucionais do Caco Livre,
Virgílio Neto passou a ter uma ativa militância política. “Sofri e pratiquei
violência nas ruas do Rio, apanhei e bati. Ajudei a queimar carros da polícia e
a derrubar cavalos espalhando bolinhas de gude pelo asfalto. Em compensação,
meu curso foi retardado e padeci algumas prisões rápidas, felizmente sem
tortura física”.
O senador Artur Virgílio guarda dessa época agitada muitas
histórias, uma das quais o marcou até hoje. Depois do golpe de 64, refugiou-se
em sua casa no Rio um jovem líder sindical, quase analfabeto, mas extremamente
inteligente e corajoso. E radical. Era quem mais agitava. De repente, sumiu e
nunca mais foi visto.
“Certo dia”, conta o líder do PSDB, “o centro do Rio virara
praça de guerra, e me vi encurralado na rua Buenos Aires, achando que tinha
chegado a minha hora”. Carros da polícia em chamas, gente machucada dos dois
lados, eis que Virgílio ouve uma voz: “Deixem esse comunista filho da puta
comigo. Este é meu. Cuidem dos outros”.
Com palavrões, mandou que o estudante caminhasse. Chegando à
avenida Rio Branco, sussurrou: “Neto, sai correndo, vou dizer aos outros que te
perdi. Não olha para trás. Devo isso à dona Isabel, tua mãe. Na próxima, você
não terá perdão”. Era o rapaz que fora acolhido em sua casa. “Chamava-se
Wellington Uchoa do Nascimento, e tinha virado agente da repressão”.
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