Pernambucano do Recife, onde nasceu a 17 de março de 1921, Antônio Maria de Araújo Morais, ou simplesmente Antônio Maria, foi um dos maiores cronistas brasileiros do seu tempo e também um respeitado grande mestre da AMOAL.
Compositor de sucessos inesquecíveis como “Ninguém me ama” ou “Se eu morresse amanhã”, ele foi locutor esportivo, poeta e radialista. Mas, para companheiros de farras como Vinícius de Moraes, Fernando Lobo e outros, sua marca maior foi, sem dúvida, a boemia.
E foi como boêmio que Maria morreu, na noite de 15 de outubro de 1964, no Rio de Janeiro, ao entrar no bar Red Point, perto de sua casa, para trocar um cheque. Ele se sentou a uma mesa e, enquanto esperava o dinheiro, passou mal. Emborcou sobre a mesa e ali mesmo o coração parou. Enfarte fulminante.
Neto e filho de usineiros, antes da glória de ver suas músicas nas paradas de sucesso (interpretadas por Dolores Duran, Nora Ney ou Maysa), Antônio Maria viveu dias um tanto difíceis. Primeiro, no Recife, em meados da década de 30, quando os negócios da família decaíram e ele, ainda adolescente, teve que arranjar um emprego na Rádio Clube de Pernambuco, para bancar as já freqüentes noitadas no bar Gambrínus e no Cabaré Imperial.
Depois, a dureza continuou no Rio de Janeiro, para onde viajou em 1939, com Fernando Lobo, para “tentar a vida”: seu trabalho, como locutor esportivo na Rádio Ipanema, não agradou e ele chegou a passar fome. Frustrada a primeira tentativa de morar no Rio, Antônio Maria retornou ao Recife, onde gostava de narrar, sobretudo, os jogos do seu clube, o Sport.
Em seguida, convidado por Assis Chateaubriand (chefe dos Diários e Emissoras Associados), aceitou o cargo de diretor da Rádio Clube do Ceará e, já casado com sua primeira mulher, seguiu para Fortaleza. Depois, mudou-se para Salvador, também convidado para a direção das Emissoras Associadas da Bahia. Antonio Maria permaneceu no Nordeste até 1948 quando, mais uma vez, embarcou para o Rio de Janeiro.
Foi a viagem definitiva para a cidade maravilhosa, onde iria conhecer o sucesso e viver mil aventuras. Antonio Maria passou a dividir um apartamento com Fernando Lobo na rua do Passeio, no Centro, onde seguidamente o também pernambucano Abelardo Barbosa (futuro Chacrinha) ia se convidar para o jantar. O “velho guereiro” sempre ganhava comida, mas antes passava por alguma sacanagem da dupla, como ter que tomar banho gelado.
Em 1949, Maria já era diretor da Tupi, cargo em que se manteve até sair da emissora. Continuava à frente do microfone, onde narrava e produzia O Tempo e a Música, às quintas, às 21h.
Ainda em 1949, ele foi convidado por Ary Barroso para inaugurar um novo tipo de narração de futebol: dois locutores, cada um narrando a posse de bola de uma das equipes. Por exemplo: num Flamengo x Vasco, Ary narraria bola com o Flamengo e Maria, bola com o Vasco. A idéia funcionou bem e foi aplicada na Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil.
A decepção de Maria e Ary com a derrota do Brasil na Copa de 50 foi total. Ary largou a narração esportiva (só retornou após quase 10 anos), enquanto Maria continuou, para cumprir seu contrato, embora não sentisse mais nenhum prazer na atividade. Há indícios de que Maria era vascaíno.
Sendo amigo de Fernando Lobo, Antonio Maria começou logo de cara a freqüentar os grandes pontos da boemia carioca, como o Vilariño e o Clube da Chave, onde sempre estavam Ary Barroso, Vinicius de Moraes, Sérgio Porto (com quem disputou o amor de várias vedetes), Millôr Fernandes, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Aracy de Almeida e Dolores Duran.
Já assinando uma coluna no O Jornal, Antônio Maria torna-se, a 20 de janeiro de 1951, o primeiro diretor da primeira emissora de televisão instalada no Brasil, a TV Tupi do Rio. Mas graças ao dinheiro que o governo Getúlio Vargas despejou em troca de apoio político, no final de 1952 a rádio Mayrink Veiga partiu para o ataque contra a Tupi e passou a contratar seus grandes nomes.
Antônio Maria foi um dos primeiros contratados, por 50 mil cruzeiros, o mais alto salário do rádio no Brasil. Logo comprou seu primeiro Cadillac, símbolo de status entre os reis do rádio naquela época.
Vida financeira organizada, é também a partir de 1951 que ele dá partida à carreira de compositor, compondo “Frevo n° 1 do Recife”, gravado pelo Trio de Ouro. E, apesar de ter como atividade principal o jornalismo, foi justamente com a música que ele ganhou fama. Durante 15 anos de trabalho, só ou em parceria com Fernando Lobo, Luís Bonfá, Vinícius de Moraes, Ismael Neto e outros, compôs um total de 63 músicas.
Como cronista, Maria atuou em vários jornais e revistas, entre os quais Diário Carioca, O Globo, Manchete. Mas foi no Última Hora, segundo Paulo Francis (um dos seus companheiros de noitadas), que ele teve a sua melhor fase. Poético, gozador, Maria escreveu sobre tudo: mulheres, política, boemia, solidão.
Homem de muitas atividades, Antônio Maria foi também produtor e diretor de shows e programas de televisão. Por conta da boemia, sempre trocava o dia pela noite, mas dava conta de tudo. Teve época em que fazia, simultaneamente, três programas semanais na Rádio Mayrink Veiga, um programa na Rádio Nacional, uma crônica para a revista Manchete, uma para O Globo e seis para o Diário Carioca e, de quebra, ainda arrumava tempo para compor, enchera cara de birita e correr atrás dos rabos de saias.
Na televisão era famoso o programa “Preto no Branco”, de Oswaldo Sargentelli, onde sempre aparecia uma “pergunta de Antônio Maria, da produção do programa”, geralmente muito embaraçosa. A câmera focalizava em plano fechado o rosto tenso do entrevistado e em seguida ecoava a voz do apresentador, em off: “Pergunta de Antônio Maria para Alziro Zarur, da Legião da Boa Vontade: Senhor Alziro Zarur, se Jesus está chamando, porque o senhor não vai logo?”.
Um dia perguntou a Sandra Cavalcanti, candidata a deputada: “Quer dizer, dona Sandra, que a senhora é mal-amada?” A resposta de Sandra, dizem os espectadores da cena, assegurou-lhe a eleição. “Posso até ser, senhor Maria, mas não fui eu que fiz aquela música Ninguém me ama”.
Nos últimos meses de vida, já doente do coração e um pouco afastado das madrugadas, montou com Ivan Lessa, no Rio de Janeiro, um escritório de produções para TV. Do seu primeiro casamento (com a pernambucana Maria Gonçalves Ferreira), teve dois filhos: Maria Rita e Antônio Maria Filho. E, como todo boêmio, amou muitas mulheres, milhares delas.
Segundo José Aparecido, a última grande paixão de Antônio Maria foi Danusa Leão, que ele roubou do proprietário do jornal Última Hora, Samuel Wainer, e por isso foi demitido, passando cinco meses desempregado.
Quando conseguiu um novo emprego, a primeira crônica que Maria escreveu tinha o título “O bom caráter” e começava assim: “Aqueles que dizem que mulher de amigo meu pra mim é homem estão enganados; porque mulher de amigo meu é mulher mesmo.”
Quando sofreu o enfarte, Antônio Maria já estava separado de Danusa Leão, que se reconciliaria, em Paris, com Samuel Wainer. E José Aparecido, que seis meses antes havia dividido um apartamento com o cronista, depois contaria: “Estávamos numa situação muito difícil. Eu, cassado e o Antônio Maria vivendo a sua mais profunda crise sentimental. Foi o único homem que vi morrer de amor”.
Mesmo sendo uma pessoa extrovertida e de muitos amigos (e inimigos), Maria, como era chamado por eles, sempre teve a solidão dentro de si. Um exemplo está em sua crônica “Oração”, escrita em março de 1954:
“Rosinha Desossée, me tire desse quarto de hotel e de todas as coisas que entram pela janela; me leve para longe das palmeiras, mais longe e perto das coisas mais macias; me faça esquecer (depressa) os homens ruins — isto é: os que gostam de cebola crua; me ensine, Rosinha Desossée, tudo o que eu não aprendi: a cortar com a mão direita, a usar anel, a tocar piano, a desenhar uma árvore e valsar; e me lembre do que eu esqueci — raiz quadrada, (as mais ordinárias), frações, latim, geofísica e “Navio Negreiro”, de Castro Alves; depois, me dê, pelo bem dos seus filhinhos, aquilo que eu não tenho há quase um ano, carinho — de um jeito que eu não sei dizer como é, mas que há, por aí ou, pelo menos, já houve; destelhe a casa, deixe a noite entrar e, juntos, vamos nos resfriar; espirre de lá, que eu espirro de cá... agora, cada um com a sua bombinha, inalação, inalação; lado a lado, sentemos, os dois de perfil para o ventilador; minhas mãos e as suas não são de ninguém, entendido?; se interesse por mim e pergunte o que eu sei, que eu quero exclamar, no mais puro francês: “oh!...comment allez vous? (...) de um jeito ou de outro, me tire daqui, pra Pérsia, Sibéria, pro Clube da Chave, pra Marte, Inglaterra, sem couvert, sem couvert; está vendo o retrato dos meus 20 anos? de lá para cá, cansaço, pé chato, gordura, calvície fizeram de mim essa coisa ansiosa, insegura e com sono, que pede a você, no auge do manso: você, Desossée, não saia esta noite e fique, ao meu lado, esperando que o sono me tome e me mate, me salve e me leve, por amor ao teu andar, assim seja (...)”
Aracy de Almeida foi uma de suas grandes amigas. Sabia tudo sobre Antônio Maria e, mesmo assim, como dizia brincando, continuava a gostar dele. Era desprovido de qualquer cerimônia: uma vez pediu a ela ajuda para colocar um supositório (“Já tentei todas as posições e não consegui nada.”).
Em outra oportunidade, ele e Vinícius de Morais tentavam cumprir um compromisso assumido: fazer um jingle para o lançamento de um... regulador feminino. Estavam com inúmeros outros trabalhos e foram pedir ajuda a Aracy. Ela, sem pensar muito, tomando emprestada a melodia de O orvalho vem caindo, de Noel, atacou de pronto: “O ovário vem caindo...”.
Carlos Heitor Cony dizia que se o autor fosse mandado para cobrir a posse do papa, voltaria cardeal. É Cony que conta: “Um dia, Maria me telefona: – Carlos Heitor, Carlos Heitor, você nunca me enganou! Disse então que, vindo de São Paulo, viu no avião uma mulher linda lendo o livro Matéria de Memórias, de Cony. Aproximou-se, se apresentou como o autor do livro, e a mulher, uma típica leitora apaixonada, acreditou. Pintou para ela um quadro bastante dramático: era um desgraçado, que nunca tinha tido sucesso, que as mulheres o abandonavam. “– Mas, Maria...” era tudo o que o espantado Cony conseguia dizer. “– Fica tranqüilo, Cony, fica tranqüilo porque em seguida nós fomos pra cama. Ou melhor, você foi pra cama.” E Cony, curioso: “– E ai?” “– E aí foi que aconteceu o problema” – gargalhava Maria. “– E ai você broxou, Cony, você broxou!”
Certa ocasião, estava em cima da hora de um programa entrar no ar e, enquanto Chico Anísio e todo o elenco aguardavam ansiosos, Antônio Maria datilografava feito louco para terminar o texto a tempo. Nesse instante, entra uma senhora na redação e diz: “Olhe, eu sou da Campanha Contra o Câncer...” Preocupado em cumprir sua tarefa, sem levantar os olhos da máquina, Antônio Maria, responde: “Eu sou a favor”.
Antônio Maria costumava ir do Rio a São Paulo, em companhia de Vinícius de Moraes, para encontrar companheiros de farras. Numa dessas viagens, combinaram o encontro no apartamento de um deles e, quando chegaram ao edifício, notaram um princípio de incêndio. Da portaria, Antônio Maria telefonou: “Olha, desçam logo, mas não avisem a ninguém, porque senão vocês vão ter de dar preferência aos velhos e às crianças.”
Por causa de Elis Regina, Ronaldo Bôscoli apelidou Maria de “Eminência Parda” e “Galak”, numa gozação com a pele mulata do rival. Mas talvez não soubesse das suas dimensões: Antonio Maria media 1,85m e pesava 130 kg. Certa noite, Maria procurou Bôscoli no Beco das Garrafas, em Copacabana, para brigar. O diretor da gravadora Elenco, Aloysio de Oliveira, amigo dos dois, divertia-se com a cena, mas, quando o conflito parecia inevitável, Aloysio urinou no sapato de Maria. Este parou de discutir, os três caíram na gargalhada e foram beber juntos.
Conta Stanislaw Ponte Preta que, certa vez, Maria recebeu o pedido do diretor da TV Rio Péricles do Amaral para reescrever um texto humorístico. O programa era horrível, e a emissora mantinha outro redator só para piorar os textos. Ao saber do pedido, Maria entrou na sala do diretor com cara de mau, jogou seu texto em cima da mesa e disse: “Está aqui minha parte do programa. Eu sinto muito, mas pior do que isso eu não sei fazer”.
Em 1990, Paulo Francis escreveu que, na véspera do infarto fulminante, Maria “detonara muito” com cocaína, porque Vinicius lhe dissera que Danuza estava muito feliz na França, podendo ser vista na garupa da moto de um príncipe dinamarquês.
Em 94, Ronaldo Bôscoli, pouco antes de morrer, também afirmou que Maria usava cocaína e mostrou que continuava ressentido com o antigo rival, tratando-o por canalhão e babaca em suas memórias (livro “Eles e Eu”). Já o cineasta Paulo César Saraceni, que em 61 convivera com Maria porque namorava Nara Leão, irmã de Danuza, escreveu em 1993, no livro “Por Dentro do Cinema Novo”: “Antônio Maria tinha fama de cheirar pó, mas nunca vi, se fazia era um profissional, discretíssimo”.
No dia 15 novembro de 1964, Vinicius de Moraes publicou a crônica “Morrer num Bar”, escrita no dia da morte do amigo:
“Aí está, meu Maria... Acabou. Acabou o seu eterno sofrimento e acabou o meu sofrimento por sua causa. Na madrugada de 15 de outubro em que, em frente aos pinheirais destas montanhas queridas, eu me sento à máquina para lhe dar este até-sempre, seu imenso coração, que a vida e a incontinência já haviam uma vez rompido de dentro, como uma flor de sangue, não resistiu mais à sua grande e suicida vocação para morrer.
Acabou, meu Maria. Você pode descansar em sua terra, sem mais amores e sem mais saudades, despojado do fardo de sua carne e bem aconchegado no seu sono. Acabou o desespero com que você tomava conta de tudo o que amava demais: o crescimento harmonioso de seus filhos, o bem-estar de suas mulheres e a terrível sobrevivência de um poeta que foi o seu melhor personagem e o seu maior amigo. Acabou a sua sede, a sua fome, a sua cólera. Acabou a sua dieta. Aqui, parado em frente a estas montanhas onde, há trinta anos atrás, descobri maravilhado que eu tinha uma voz para o canto mais alto da poesia, e para onde, neste mesmo hoje, você deveria chamar porque (dizia o recado) não agüentava mais de saudades – aprendo, sem galicismo e sem espanto, a sua morte.
Quando a caseira subiu a alegre ladeirinha que traz ao meu chalé para me chamar ao telefone – eram nove da manhã – eu me vesti rápido dizendo comigo mesmo: “É o Maria!” E ao descer correndo para a pensão fazia planos : “Porei o Maria no quarto de solteiro ao lado, de modo a podermos bater grandes papos e rir muito, como gostamos…” E ainda a caminho fiquei pensando: “Será que Itatiaia não é muito alto para o coração dele?...” Mas você, há uma semana – quando pela primeira e última vez estivemos juntos depois de minha chegada da Europa, numa noitada de alma aberta – me tinha tranqüilizado tanto que eu achei melhor não me preocupar. Eu sabia que seu peito ia explodir um dia, meu Maria, pois por mais forte e largo que fosse, a morte era o seu guia.
Outra noite, pelo telefone, ao perguntar eu se você estava cuidando de sua saúde, você me interpelou: “Você tem medo de morrer, Poesia?” “Medo normal, meu Maria”, respondi. “Pois olhe: eu não tenho nenhum” retorquiu você sem qualquer bravata na voz. “Só queria que não doesse demais, como na primeira crise. Aquela dor, Poesia, desmoraliza.”
Mas como eu descesse – dizia – para atender à sua chamada, e atravessasse o salão da casa-grande, e entrando na cabine ouvisse (como há 14 anos atrás ouvi a voz materna) a voz paternal de meu sogro que me falava, preparando-me: “Você sabe, Antônio Maria está muito mal...” e eu instantaneamente soubesse... – justo como naquela época soube também, quando a voz materna, em sinistras espirais metálicas, me disse do Rio para Los Angeles: “Sabe, meu filho, seu pai está muito mal…”, o nosso encontro marcado deu-se numa dimensão nova, entre o mundo e a eternidade: eu aqui; você... onde, meu Maria? – onde?
Ah, que dor! Agora correm-me as lágrimas, e eu choro embaçando a vista do teclado onde escrevo estas palavras que nem sei o que querem dizer…
Há uma semana apenas conversamos tanto, não é, meu Maria? Você ainda não conhecia minha mulher, foi tão carinhoso com ela... Tomamos uma garrafa de Five Stars no Château, depois fomos até o Jirau e terminamos no Bossa Nova. Eu ainda disse: “Você pode estar bebendo e comendo desse jeito?” “Por que, Poesia? Não há de ser nada... Qualquer dia eu vou morrer é assim mesmo, num bar...”
Eu só espero que não tenha doído muito, meu Maria. Que tenha sido como eu sempre desejei que fosse: rápído e sem som. Mas é uma pena enorme. Você tinha prometido à minha mulher, a pedido dela, que recomeçaria hoje, nesta quinta-feira do seu recesso, no seu “Jornal de Antônio Maria” o seu “Romance dos pequenos anúncios”, que foi uma de suas melhores invenções jornalísticas e onde eu era personagem cotidiano: você sempre a querer fazer de mim, meu pobre Maria, o herói que eu não sou...
Mas por outro lado, sei lá... Você disse nessa noite, à minha mulher e a mim, que nem podia pensar na idéia de sobreviver às pessoas que mais amava no mundo: sua mãe, seus dois filhos, suas irmãs e este seu poeta. “E Rubem Braga…”, acrescentou você depois, brincando com ternura, “Eu não queria estar aí para ler quanta besteira se ia escrever sobre o Braguinha...”
Não irei ao seu enterro, meu Maria. Daria tudo para ter estado ao seu lado na hora, para lhe dar a mão e recolher seu último olhar de desespero, de maldição para esta vida a que você nunca negou nada e o fez sofrer tanto. Daqui a pouco o sino da casa-grande tocará para o almoço. Verei minha mulher descer, triste de eu lhe ter dito (porque ela dorrne ainda, meu Maria...) e de me deixar assim sozinho, sentado à máquina de escrever, com a sua morte enorme dentro de mim.”
No Amazonas, atualmente, existem apenas 33 grandes mestres da AMOAL, em graus variados de evolução. Eles todos, invariavelmente, são pessoas bem-sucedidas profissionalmente, amigos dos amigo, companheiros camaradas, fervorosos incentivadores das artes e da cultura e que, por isso mesmo, constituem uma pequena elite dentro da intelligentzia baré.
Portanto, os únicos que podem abrir novas tascas da AMOAL, falar em seu nome, presidir os encontros da ordem e batizar novos cavaleiros templários sãos os seguintes:
Simão Pessoa (engenheiro), Mário Dantas (jornalista), Orlando Farias (jornalista), Simas Pessoa (analista de sistemas), Edmilson Bandeira (empresário), Fares Abinader (pró-reitor da UEA), Marcílio Freitas (secretário estadual de Tecnologia), Marcus Barros (cientista do INPA), Marcos Rotta (deputado estadual), Stones Machado (empresário), Sidônio Gonçalves (prefeito de Tefé), Marco Antonio Chico Preto (deputado estadual), Raimundo Geraldo (empresário), Wilson Périco (empresário), Mariolino Brito (delegado da Polícia Civil), Sergio Roberto Marques (empresário), Felix Valois (advogado), Carlos Lacerda (sindicalista), Rogelio Casado (psiquiatra), Rubem Fonseca (médico), Adalberto de Melo Franco (empresário), Francisco Avilar (empresário), Raul Andrade (empresário), Carlos Tadeu Barretos (empresário), Eliezer Gonzales (advogado), Ângelus Figueira (deputado estadual), Joaquim Marinho (radialista), Zemaria Pinto (poeta), Marco Antonio Ribeiro (crítico musical), Sergio Bastos (designer gráfico), Marcos Gomes (poeta), Aldisio Filgueiras (poeta) e Sergio Luiz Pereira (poeta). O resto é coisa de viado.
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