A banda Easy Star All-Stars surgiu em 1997 como uma reunião
informal dos principais artistas da produtora Easy Star, uma das maiores
divulgadoras da cena reggae nos Estados Unidos.
Entre os artistas lançados pela gravadora estão The African
Brothers, The Meditations, Rob Symeonn, Sister Carol, Patrick Junior, Ossie
Dellimore e Ruff Scott.
Idealizado pelos co-fundadores da gravadora Michael
Goldwasser, Eric Smith e Lem Oppenheimer, o grupo Easy Star All-Stars era
simplesmente chamado de “Coletivo” porque apesar de ser uma banda mais ou menos
estável, muitos outros músicos eram convocados para participar das apresentações.
Um dia, ao que parece logo depois de uma concorrida sessão
de ganja, muitos destes músicos acharam que seria divertido gravar um disco
profissional com covers no estilo reggae de músicas já conhecidas pelo público.
No verão de 2003, capitaneados por Michael Goldwasser, Victor Axelrod (“Ticklah”),
Patrick Dougher e Victor Rice, os músicos lançaram seu primeiro álbum “Dub Side
Of The Moon”, um jogo de palavras entre o estilo de música que tocam (o dub) e
o cultuado álbum do Pink Floyd, “The Dark Side Of The Moon”.
O resultado é um disco de ótima qualidade, reproduzindo todo
o clima sombrio (porém com um tom jamaicano nos samplers, além do ritmo
modificado) do álbum original, que arrancou elogios dos próprios integrantes do
Pink Floyd e alcançou uma boa vendagem mesmo sem ter tocado nas rádios ou
recebido algum tipo de grande estratégia de marketing.
O estudo feito a partir do álbum original foi tão intenso
que o próprio site da Easy Star Records vendia o Dub Side sincronizado com “O
Mágico de OZ”, uma das maiores curiosidades acerca do Dark Side que nunca foi
confirmada pelo grupo inglês.
Para ter uma ideia da presepada, o “Dub Side Of The Moon” ficou
cinco anos como top álbum na lista da Billboard/Reggae.
Percebendo a mina de ouro que havia encontrado, a gravadora Easy
Star os convenceu a entrar em estúdio novamente para fazer um novo álbum.
O resultado foi “Radiodread”, lançado em 2006, uma versão
dub do também cultuado álbum “OK Computer”, do Radiohead, que, assim como o seu
antecessor, fez um tremendo sucesso e ficou por 18 meses no top da Billboard.
Em 2008, o Easy Star All-Stars lançou o EP Until That Day,
somente com composições próprias.
No ano seguinte um novo álbum de covers, “Lonely Hearts Dub
Band”, desconstruindo o badalado disco “Sgt. Peppers’s Lonely Hearts Club
Band”, dos Beatles, que tem participações especiais de U Roy, Max Romeo, The
Mighty Diamonds e Luciano, entre outros grandes artistas do reggae.
Em todos os tributos, a ideia é cavar o lado reggae,
colorido e inusitado dos homenageados. Assim, “Time”, do Pink Floyd, virou um
reggae-raggamuffin, enquanto “No Surprises”, do Radiohead, virou um hino
homeless.
Dessa vez, não deu outra: a festa original dos Beatles –
banda que, só para ilustrar, era idolatrada por Bob Marley, fanático pelo álbum
Revolver (1966) – virou quase brinquedo nas mãos dos comandantes Michael
Goldwasser, Eric Smith e Lem Oppenheimer.
Há muito soul, de modo geral, nas canções dos Beatles – e
não deve ter sido tarefa complicada extrair isso de músicas como a faixa-título
(na voz de Junior Jazz), “With A Little Help From My Friends” (com Luciano) e
até de músicas cujos originais não eram exatamente um primor de alegria, como
“She’s Leaving Home” (que virou um skazinho na bela voz de Kirsty Rock).
Como dub e psicodelia são irmãos, a faceta vertiginosa do
disco fica por conta da relaxada versão roots de “Being For The Benefit Of Mr.
Kite! (com Ranking Roger, que ainda inseriu um ragga no novo arranjo), do
amálgama Bob Marley-Paul McCartney de “When I’m Sixty Four” (com Sugar Minnott)
e no sinuoso toasting em cima de “Lovely Rita” (com a dupla de veteranos Bunny
Rugs, do Third World, e U-Roy).
E vale citar que “Within You Without You” virou um reggae
lisérgico e meditativo nas mãos de Matisyahu, rapper-reggaeman judeu que esteve
no Brasil recentemente.
Tudo isso, como a capa informa, sem nenhum sample do
original dos Beatles. Pode dar de presente para qualquer beatlemaníaco.
Em 2010, remixaram o primeiro disco, que ficou mais
viajandão, e colocaram nas lojas “Dubber Side Of The Moon”.
Finalmente, no ano passado, lançaram um disco autoral,
“First Light”, onde o velho reggae de raiz reina absoluto.
Todos os discos estão disponíveis no Pirate Bay e podem ser
baixados clicando aqui.
Aproveite.
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