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terça-feira, abril 29, 2014

Fala que eu te escuto ou então pergunte ao Buda!


O Buda não é um asteroide, mas caiu do céu

Caro Buda: Tenho 42 anos, estou casada há 30, e meu marido me bate todo santo dia. Não suporto mais esta triste rotina e, além disso, o pessoal do Pronto Socorro João Lúcio não aguenta mais ver minha cara quebrada. O que devo fazer? Me ajuda, Buda! – Desesperada do São José.

Cara Desesperada: Buda (eu) dizia há dois mil anos: “O gafanhoto quando pousa na flor de lótus à beira do lago azul é como um ramo de trigo”. Quer dizer, mulher é assim mesmo: só funciona na base da porrada.

Venerável Buda: Na semana passada, quando ia pedir uma xícara de açúcar pro meu vizinho, vi uma cena horrível: a vizinha estava com a cabeça enfiada no aparelho de TV, enquanto seu filho chorava e gritava: “Eu quero ver as Chiquititas!”. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, aquele brutamontes começou a chutar a minha cabeça e ainda por cima quebrou a minha xícara. Me ajuda, Buda! – Vizinho da Desesperada do São José.

Caro Vizinho etc. etc: Buda (eu) disse: “Um ramo de gafanhoto é como um lago de trigo no lótus azul”. Quer dizer, vizinho é assim mesmo: só funciona na base da porrada.

Seu Buda: No outro dia, o meu pai bateu na mamãe, depois bateu nimim. Isso ele faz todo dia. Eu só fiquei muito chateado quando ele jogou a mamãe dentro da televisão, por causa de que aí eu não vi mais as Chiquititas. Me ajuda, Buda! – Filhinho da Desesperada do São José.

Caro Filhinho: Buda (eu) disse: “Um ramo de trigo é como a flor de lótus no gafanhoto azul”. Quer dizer, criança é assim mesmo: só funciona na base da porrada.

Buda, seu merda: Outro dia, joguei a minha mulher na televisão, bati no meu filho e chutei a cabeça do babaca do meu vizinho. E o que é que tu tá olhando aí? Vai encarar? – O Fodão do São José.

Caro Fodão: Buda (eu) dizia: “Um lago de gafanhoto é como um azul de trigo de lótus”. Quer dizer, você está no caminho da verdade, meu filho. Pelo que sinto e vejo, você é um cara legal, bacana a beça, gente finíssima. Continue assim. Desculpe qualquer coisa, hein? Muito atenciosamente, Buda, seu Criado.

Querido Buda: Estou apavorado! A cada dia que passa, aumenta o meu desespero e o medo de contrair aquela doença horrorosa – eu não tenho nem coragem de dizer o nome, só sei que começa com AI e termina com DS.

Trabalho como auxiliar de massagista nas termas Ao Veado de Ouro e até agora só eu e o vigia noturno não pegamos essa desgraça!

Queria que o Sr. me desse alguns conselhos, mas preferia que fosse pessoalmente, pois não me sinto muito à vontade falando dessas coisas na frente de todo mundo.

Já peguei o seu endereço e estou indo pra aí. Me ajuda, Buda! – Rapaz Alegre e Preocupado da Cidade Nova.

Caro Rapaz Alegre e Preocupado: Para! Para! Fica na tua! Nem mais um passo! Tu vai ficar quietinho, que Buda (eu) vai fazer uma mentalização que levará até você aquela energia positiva capaz de lhe dar forças para encarar o inevitável com coragem e disposição, para que você possa passar desta para melhor numa boa, tranquilão, na maior naice.

Mas atenção: essa mentalização só terá efeito se você estiver a uma distância de, no mínimo, 350 quilômetros de Buda (eu). Ufa! (eu).

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