A Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou o Projeto de Lei
do vereador Mário Frota (PHS), que torna a marca Café do Pina como Patrimônio
Imaterial da Cidade de Manaus. O Café do Pina, localizado na Praça Heliodoro
Balbi – também conhecida como Praça da Polícia – foi inaugurado no dia 3 de
maio de 1951 e hoje faz parte da história da cidade de Manaus por abrigar
movimentos culturais e políticos como o Clube da Madrugada e o Projeto Jaraqui.
Na sua justificativa o vereador Mário Frota esclarece que a
família Pina chegou ao Brasil na década de 20, fugindo do lastimável estado da
economia portuguesa, depois da implantação da República, que transformara
Portugal em um país arrasado economicamente, com desemprego em massa.
Foi nessa época que três portugueses, oriundos de Loriga,
Serra da Estrela, chegaram a Manaus. Dois eram irmãos: José Pina e Carlos Pina;
o outro, Antônio Pina, era primo dos dois. José Pina fundou o Café do Pina,
tornando-se famoso na cidade por tratar todo o mundo de ‘jovem’ e pela
qualidade e sabor do seu cafezinho.
O saudoso Senador Jefferson Peres foi um dos intelectuais
amazonense que presenciou a inauguração do Café do Pina e fez o seguinte
relato: “Em 1950 tinha início uma nova década e, também, a construção de um
barzinho, sem nada de especial, mas que iria marcá-la profundamente. O local
era um canteiro triangular, em frente ao Guarany, onde havia um antigo chafariz
desativado e dois postes de sustentação da tela na qual se projetavam filmes ao
ar livre. Ao se erguerem os tapumes, correu o boato de que seria construído um
posto de gasolina. A novidade não agradou os ginasianos, que ensaiaram um
movimento de protesto e ameaçaram depredar a construção.
Pressionado, o então prefeito Chaves Ribeiro aconselhou o
proprietário a acelerar as obras, a fim de criar o fato consumado. Diante
disso, foi abandonado o projeto original, de forma circular, por outro mais
feio, retangular, que pôde ser construído em tempo recorde. O êxito foi
imediato e se deveu a uma conjugação de fatores. Em primeiro lugar, sua
localização, nas vizinhanças de dois cinemas, três colégios, um quartel, e
mais, da então concorridíssima Praça da Policia; segundo a excelência do seu
café, talvez o melhor da cidade; e finalmente, a simpatia do proprietário, o
português José de Brito Pina, extrovertido e conversador, que em pouco tempo
chamava cada um dos frequentadores pelo nome. Batizado oficialmente de Pavilhão
São Jorge, o barzinho era conhecido popularmente por Café do Pina e, mais
tarde, Republica Livre do Pina”.
Depois da revitalização do Palacete da Província, onde
funcionou o antigo Quartel da Polícia Militar, as instalações do Café do Pina
se mudou para outro local na mesma Praça
Heliodoro Balbi, sendo agora, na frente da Rua Rui Barbosa, no local conhecido
como Coreto do Pina, onde atualmente funciona as reuniões do Projeto
Jaraqui, frequentado por aposentados,
intelectuais, turistas, comerciários e empresários.
“O tombamento do Café do Pina como Bem Imaterial é uma forma
de resgatar a história da nossa cidade por meio das suas tradições, línguas e
costumes. Os portugueses que aqui chegaram para trabalhar e edificar as suas
famílias, deixaram a sua contribuição, com muito suor, para o desenvolvimento
do Amazonas e essa é também uma homenagem aos nossos irmãos patrícios”,
esclarece Mário Frota.
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