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domingo, outubro 04, 2009
Vinhos da uva-símbolo do Chile ganham destaque em evento
Relatando minha modesta participação na última reunião do Clube dos Discófilos Fanáticos, falei que o querido Humberto Amorim dera uma pequena aula sobre a origem da uva nacional do Chile, mas que Acram Isper e Waldir Menezes insinuaram que se tratava de um belo “chute”.
Segundo o nosso famoso jazzófilo, a uva Carmenère foi tirada do mapa na Europa pela praga filoxera no final do século 19.
Ocorre que alguns anos antes de a praga destruir as vinícolas francesas, o Chile importou cepas de uvas Merlot e recebeu junto, sem saber, também cepas da tal uva desaparecida, que foi cultivada como sendo Merlot.
Nos anos 90, um turista em visita ao Chile descobriu a existência da uva Carmenère acidentalmente ao degustar um vinho Merlot numa birosca qualquer.
Se a uva Carmènere era dada como desaparecida desde o final do século 19, como seria possível um turista, mais de 100 anos depois, identificar o sabor da mesma provando um simples vinho numa birosca qualquer? Isso, o Humberto Amorim não explicou.
Relatei a história para o Ricardo Peres, meu ghost buster do mundo virtual, e hoje ele me enviou um link para um artigo do Carlos Alberto Barbosa, publicado no portal Terra em 27 de agosto do corrente ano. Vou transcrevê-lo na íntegra:
Anualmente a Pro Chile, agência que promove exportações chilenas no mundo, realiza no Brasil uma série de ações que buscam dar visibilidade aos negócios internacionais envolvendo os dois países. Não é à toa que faz parte das ações um evento de degustações de vinhos que percorre, anualmente, mais de uma capital brasileira.
Em São Paulo, por exemplo, na última quarta-feira, dezenas de produtores chilenos, com ou sem importadores no Brasil, ofereceram ao público especializado degustações de diversos rótulos, entre eles, foi possível provar uma grande diversidade de exemplares elaborados a partir da Carmenère. Desde cortes até vinhos produzidos exclusivamente com ela em diferentes faixas de preço. A uva passa do anonimato para embaixadora do vinho chileno no mundo.
Entre os vinhos chilenos disponíveis, os da uva Carmenère tornaram-se emblemáticos. Tornou-se rapidamente a uva símbolo do Chile, apesar do seu cultivo ser ainda um tanto modesto no país quando comparado a outras castas tintas. A Carmenére ocupa hoje uma área cultivada de aproximadamente sete mil hectares, enquanto Cabernet Sauvignon tem 40 mil e o Merlot, 13 mil hectares.
Sua fama não se deve ao tamanho da área cultivada, mas sim à própria peculiaridade de sua existência. Dada como casta em extinção, após a disseminação da filoxera, praga que dizimou vinhedos na Europa no século 19, a Carmenére foi redescoberta no Chile em meados dos anos 90, quando o pesquisador francês Jean-Michel Boursiquot a identificou, diferenciando de variantes da uva Merlot, no caso a Merlot Chileno.
Essa identificação, conforme escreveu Anthony Rose em artigo para a revista britânica Decanter, gerou, inicialmente, certo temor em declarar no rótulo que o vinho era elaborado com uvas Carmenère, principalmente após tantos anos de rótulos com o nome Merlot encobrindo a nova casta identificada.
Em 1996 a Viña de Martino lançou o primeiro rótulo de varietal Carmenère, o Santa Ines Carmenère. Daí em diante foi caminho sem volta. Em 1998, a Carmenère foi oficialmente reconhecida pelas autoridades chilenas, e em 1999 os vinhos da casta já eram exportados para a Europa.
Os vinhedos de Carmenère passam então a receber os cuidados e aprimoramentos técnicos das demais castas já consagradas, resultando em vinhos de qualidade. Ao sair do papel de coadjuvante na elaboração de cortes de muitos dos grandes vinhos para assumir um papel solo, a uva também ganhou status de representante dos vinhos do Chile.
Resumo da ópera
O Humberto Amorim chutou ao falar que a uva tinha sido descoberta por um turista e não por um ampelógrafo conceituado, mas no geral estava correto. Daí ser necessário ter sempre um certo cuidado ao ouvir histórias de enófilos e de pescadores.
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