No primeiro ano do
Projeto Pixinguinha, em 1977, uma aula de samba com João Nogueira e Cartola
Ele se definiu como “sambista de calçada”: não era do morro,
não foi forjado pela tradição das escolas de samba e tampouco era da zona sul
carioca, com o berço de classe média.
João Batista Nogueira Júnior – ou, simplesmente João
Nogueira – cantava o que via nas ruas suburbanas do Rio de Janeiro, a boemia
dos botequins, a malandragem, as histórias cariocas e também os sentimentos
humanos com a musicalidade inata dos grandes sambistas, influenciado pelo som
de Wilson Batista, Geraldo Pereira e Noel Rosa.
Neste ano, completam-se 17 anos da morte do intérprete e
compositor. Ele partiu no dia 5 de junho de 2000, aos 58 anos, vítima de um
enfarte. Seu legado conta com uma rica discografia de 18 discos-solo e outras
participações em lançamentos coletivos e mais de 300 composições – a maioria
gravada por ele mesmo, mas também interpretadas por nomes como Clara Nunes,
Elizeth Cardoso, Elis Regina, Beth Carvalho, Alcione e outros. João Nogueira
deixou quatro filhos, sendo um deles seu herdeiro musical: Diogo Nogueira.
João Nogueira nasceu no dia 12 de novembro de 1941, e
cresceu no meio do samba e do choro: seu pai, com quem compartilhou o nome, era
violonista e chegou a tocar com Noel Rosa. A casa da família, no Méier, zona
norte da capital fluminense, era frequentada por Pixinguinha, Jacob do Bandolim,
Donga e João da Baiana. João Nogueira deu seus primeiros acordes no violão para
acompanhar o pai, que morreu precocemente, quando o sambista tinha apenas dez
anos.
A ausência do pai levou João a trabalhar como vitrinista,
vendedor e bancário. Mas nunca se afastou da música: desde os 15 anos, João
compunha sambas para os blocos de carnaval do bairro. O sucesso veio no início
da década de 70: o primeiro álbum, que levou seu nome, foi lançado em 1972. Mas
só em 1974, quando lançou o segundo disco, “E Lá Vou Eu”, trazendo os sucessos
“Batendo na porta”, uma ode à escola de seu coração, a Portela, e “Sonho de
bamba”, composta junto com o grande parceiro Paulo César Guimarães, o som de
João Nogueira explodiu.
Além de enfileirar clássicos como “Poder da Criação”, “As
Forças da Natureza”, “Espelho”, “Nó na Madeira”, “Mineira”, “Súplica”, “Eu sei
Portela”, João Nogueira marcou posição na defesa dos artistas nacionais e pela
valorização do samba.
O Clube do Samba, criado por ele, Alcione, Martinho da Vila
e Beth Carvalho em 1979, teve a sua casa, no Méier, como primeiro endereço. O
nome do movimento batizou, inclusive, um dos discos de João. Por ali passaram
sambistas de várias gerações, compositores das escolas de samba e intérpretes.
O bloco de carnaval do Clube do Samba também foi lançado, levando, todos os
anos, para a Avenida Rio Branco a tradição do ritmo e as canções dos velhos
carnavais.
João Nogueira foi mais que um compositor e letrista
refinado: ele era também um cantor marcante, de voz grave e aveludada.
Inovador, fazia interpretações recheadas de carioquismo, malícia e ritmo. Parte
dos críticos consideram João Nogueira como o melhor intérprete de Noel Rosa.
Boêmio inveterado, flamenguista de coração e apaixonado pela
Portela, João costumava dizer que em suas composições homenageava as coisas
simples da vida, que são a matéria prima dos grandes sambas.
Neste especial do programa Samba na Gamboa, exibido pela TV
Brasil, Diogo Nogueira homenageia seu pai, cantando os grandes sucessos de João
Nogueira.
Os convidados são Paulo César Feital, amigo e parceiro de
João, e Gisa Nogueira, irmã do sambista e compositora. Curta:
2 comentários:
Simão ! Sou muito fã do seu blog :)
O seu blog é ótimo
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