Manchete 1: “Alfaiate do Planalto é chamado para ajustar
faixa presidencial para caberem Temer, Cunha e Serra”. Manchete 2: “Prestes a
ter todos os cargos, PMDB teme perder a razão de existir”. Manchete 3: “Menos
de 24 horas depois de separado do governo, PMDB já é visto no Tinder”.
Com chamadas como essas, pingando sarcasmo e puro deboche, o
site Sensacionalista, sediado no Rio de Janeiro, tem se destacado nestes meses
de crise como uma das mais comentadas, visualizadas e compartilhadas válvulas
de escape para os males que assolam o país.
Com 2,3 milhões de seguidores e 10 milhões de acessos todos
os meses, o site é municiado por quatro sócios-redatores e dois auxiliares, que
renovam continuamente o conteúdo com impagáveis reinterpretações de notícias
reais.
Atiram para todos os lados – e aí talvez esteja a base de
seu sucesso. “Nem coxinhas, nem petralhas: nós somos do partido da zoeira”,
define seu fundador, o jornalista e roteirista Nelito Fernandes.
Egresso do extinto programa de humor Casseta & Planeta,
da Globo, Fernandes conta que se inspirou no americano The Onion para criar o
Sensacionalista, em 2009, como uma atividade paralela e sem maiores pretensões
– os visitantes não passavam de ínfimos 3 000 por dia.
A virada se deu na campanha presidencial de 2014, quando as
tiradas do site “isento de verdade”, como diz seu logo, passaram a ser
replicadas nas redes sociais.
“Vivemos uma situação em que as manchetes são surreais. E,
quando o real parece piada, o humor não tem limites”, diz o humorista Antonio
Tabet, do Porta dos Fundos, sobre o sucesso dos colegas.
“Falamos de qualquer assunto. Passamos o dia inteiro
trocando informações, sugestões e ideias de piadas”, explica a jornalista
Martha Mendonça, mulher de Fernandes, da equipe de redatores. A própria revista
Veja, ao publicar a capa revelando o plano de Lula de buscar refúgio na Itália,
acusada de “falsa” pelos petistas, recebeu do site o hilário “prêmio de melhor
obra de ficção do ano”.
A atividade principal do casal e de outro sócio, Leonardo
Lanna, é elaborar roteiros para humorísticos da Globo. Apenas o jornalista
Marcelo Zorzanelli trabalha no site em tempo integral.
O faturamento, cujos valores eles não revelam, provém de
anúncios intermediados pelo Google e de piadas patrocinadas, como a encomendada
por um aplicativo de relacionamentos que informa: “Homem que sabe a diferença
entre ‘mas’ e ‘mais’ vira alvo de disputa entre colegas de trabalho”.
Problemas, até hoje, só tiveram com uma “vítima”: o deputado
federal Marco Feliciano, expoente da brigada antigay, processou o site – e
perdeu – por sentir-se “moralmente abalado” pelos posts a seu respeito.
Aproveitando o sensacional momento, o time pôs no ar mais um
site, o Surrealista – Notícias Reais que Parecem Coisa do Sensacionalista, e no
emblemático dia 1º de abril lançou uma antologia de piadas intitulada Pagar por
um Livro que Está na Internet É Sinal de Genialidade, Dizem Especialistas
(editora Belas Letras). Próximo projeto: Sensacionalista, o Filme. Quem viver
rirá.
Sobre os protestos
Explicando o
inexplicável
Hipocrisias
cotidianas
História indigesta
Dedução
Na pista para negócio
Vida moderna
Nenhum comentário:
Postar um comentário