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segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Sensacionalista: uma pausa pra dar risada


Manchete 1: “Alfaiate do Planalto é chamado para ajustar faixa presidencial para caberem Temer, Cunha e Serra”. Manchete 2: “Prestes a ter todos os cargos, PMDB teme perder a razão de existir”. Manchete 3: “Menos de 24 horas depois de separado do governo, PMDB já é visto no Tinder”.

Com chamadas como essas, pingando sarcasmo e puro deboche, o site Sensacionalista, sediado no Rio de Janeiro, tem se destacado nestes meses de crise como uma das mais comentadas, visualizadas e compartilhadas válvulas de escape para os males que assolam o país.

Com 2,3 milhões de seguidores e 10 milhões de acessos todos os meses, o site é municiado por quatro sócios-redatores e dois auxiliares, que renovam continuamente o conteúdo com impagáveis reinterpretações de notícias reais.

Atiram para todos os lados – e aí talvez esteja a base de seu sucesso. “Nem coxinhas, nem petralhas: nós somos do partido da zoeira”, define seu fundador, o jornalista e roteirista Nelito Fernandes.

Egresso do extinto programa de humor Casseta & Planeta, da Globo, Fernandes conta que se inspirou no americano The Onion para criar o Sensacionalista, em 2009, como uma atividade paralela e sem maiores pretensões – os visitantes não passavam de ínfimos 3 000 por dia.

A virada se deu na campanha presidencial de 2014, quando as tiradas do site “isento de verdade”, como diz seu logo, passaram a ser replicadas nas redes sociais.

“Vivemos uma situação em que as manchetes são surreais. E, quando o real parece piada, o humor não tem limites”, diz o humorista Antonio Tabet, do Porta dos Fundos, sobre o sucesso dos colegas.

“Falamos de qualquer assunto. Passamos o dia inteiro trocando informações, sugestões e ideias de piadas”, explica a jornalista Martha Mendonça, mulher de Fernandes, da equipe de redatores. A própria revista Veja, ao publicar a capa revelando o plano de Lula de buscar refúgio na Itália, acusada de “falsa” pelos petistas, recebeu do site o hilário “prêmio de melhor obra de ficção do ano”.

A atividade principal do casal e de outro sócio, Leonardo Lanna, é elaborar roteiros para humorísticos da Globo. Apenas o jornalista Marcelo Zorzanelli trabalha no site em tempo integral.

O faturamento, cujos valores eles não revelam, provém de anúncios intermediados pelo Google e de piadas patrocinadas, como a encomendada por um aplicativo de relacionamentos que informa: “Homem que sabe a diferença entre ‘mas’ e ‘mais’ vira alvo de disputa entre colegas de trabalho”.

Problemas, até hoje, só tiveram com uma “vítima”: o deputado federal Marco Feliciano, expoente da brigada antigay, processou o site – e perdeu – por sentir-se “moralmente abalado” pelos posts a seu respeito.

Aproveitando o sensacional momento, o time pôs no ar mais um site, o Surrealista – Notícias Reais que Parecem Coisa do Sensacionalista, e no emblemático dia 1º de abril lançou uma antologia de piadas intitulada Pagar por um Livro que Está na Internet É Sinal de Genialidade, Dizem Especialistas (editora Belas Letras). Próximo projeto: Sensacionalista, o Filme. Quem viver rirá.

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