Surfando na onda do “carnaval politicamente correto,
socialmente justo, ambientalmente responsável e sem assédio sexual”, o
empresário Álvaro José assinou o atestado de óbito da Banda Pega na Inxada e,
em seu lugar, vai realizar a Banda do Galvez Botequim.
O evento terá início a partir das 12 h deste sábado, 25, com
uma feijoada self service (R$ 30 por cabeça) e a presença do DJ Leandro Kandall
nas carrapetas. A partir das 16 h, Junior Rodrigues entra em campo para mostrar
as melhores marchinhas de carnaval e os melhores sambas enredos da história.
O Galvez Botequim está localizado na Rua Altair Severiano
Nunes, nº 08, Conjunto Eldorado, na pracinha em frente à antiga Utam (atual
UEA).
A natimorta Banda Pega na Inxada foi rifada pelas dezenas de
frequentadoras do botequim, que consideraram o nome de duplo sentido “assaz
indecente”, a letra, “machista e sexista”, e o símbolo da banda, de autoria do
famigerado Jack Cartoon, “simplesmente pornográfico”.
“Se passadas de mão, beijos à força, puxões no cabelo e
outras investidas sem consentimento não podem ser encaradas como algo natural
no carnaval, então o carnaval perdeu todo o seu sentido”, diz o sociólogo Beto
Souza, inconformado com o fim da Pega na Inxada. “Carnaval é uma tradução de carne vale, que significa despedida do corpo, uma vez que nesta
época as pessoas são estimuladas a se soltarem e se envolverem com as
atividades carnavalescas.”
Outro que lamentou a falta de humor da mulherada foi o eletricista
Jorge Baiano. “Conheci minha esposa, Suhelen Lima, na Banda do Pau Mole, do
bairro da Raiz, e estamos juntos há 15 anos. Na hora em que começou a tocar a marchinha Máscara Negra e chegou naqueles versos do vou beijar-te agora, não me leve a mal, tudo é carnaval, eu mandei um beijão de surpresa na nega velha. Colou. Se, na época, fosse proibido dar
cantada em mulher bonita, eu não teria conquistado o amor da minha vida...”
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