Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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segunda-feira, outubro 26, 2009
Mora na filosofia!
Filósofo e mestrando em arqueologia pela PUC (SP), o bonequeiro e gauche Paulo de Tarso, mais conhecido como “Paulo Mamulengo”, tem uma longa história de amor por esta terra.
Como representante do Movimento de Reintegração dos Hansenianos (Mohan), ele chegou aqui há mais de 20 anos, para saber como estava o avanço da doença no Amazonas.
Em Lábrea, ouviu falar que o primeiro hospital de leprosos no Brasil havia sido instalado em Paricatuba.
Aportou lá, comprou uma casa na beira do Rio Negro e nunca mais saiu.
Segundo os moradores mais antigos, o hospital de Paricatuba foi instalado no início dos anos 20 por uma missão religiosa italiana ligada à igreja católica. Era um modelo para o país no tratamento e controle da hanseníase.
Até então não se sabia que a doença era decorrente, basicamente, da falta de condições mínimas de saúde e higiene nas moradias, associada à falta de comida na mesa das pessoas.
No início dos anos 50, um aspone piou para o governador Álvaro Maia que o aumento da incidência de lepra em Manaus era decorrente de o Hospital de Paricatuba estar localizado acima da área de captação das águas do rio Negro, que até hoje continua no bombeamento da Ponta do Ismael.
O governador acreditou na bobagem: que o bacilo de Hansen descia pelo Rio Negro e ia parar na casa dos moradores da capital pelo sistema de distribuição de água.
Em menos de seis meses, seus áulicos destruíram o Hospital de Paricatuba e confinaram todos os leprosos em uma área da zona rural de Manaus, batizada poeticamente de Hospital-Colônia Antonio Aleixo. Na prática, um campo de concentração.
Além de ter sido uma das maiores barbaridades do “Cabeleira”, aquilo significou um desastre inenarrável. Para os doentes e para seus familiares.
Em 2002, Paulão estava se formando em Filosofia e era presidente do Cafca, o centro acadêmico da faculdade. Durante um festejo qualquer, no ICHL, uma repórter da TV Amazonas resolveu entrevistá-lo em tempo real, sem cortes ou edição:
– Mas sim, presidente, como está o curso de Filosofia? – começou a repórter.
– Por mim, esse curso já devia ter sido fechado há muito tempo! – respondeu Paulão, sem disfarçar a irritação.
– Mas como assim... Ser fechado? – questionou a repórter.
– É evidente, minha filha. É impossível um curso de Filosofia sem filósofos! – afirmou Paulão. “Acompanhe o meu raciocínio...”
E o safado liberou sua verve:
– O Chefe do Departamento de Filosofia se chama Guaraciaba Tupinambá. Isso é nome de filósofo? – indagou Paulão. E ele mesmo respondeu: “Não, claro que não. Isso é nome de puxador de toadas ou de pajé de algum bumbá de Parintins...”
A repórter ficou muda. Paulão continuou:
– A coordenadora do curso se chama Marilina. Isso é nome de filósofa? Não! Isso é nome de gordura saturada. Você chega numa mercearia e diz: “Me vê oito pães e dois tabletes de marilina”.
A repórter continuou muda. Paulão foi em frente:
– O coordenador de Filosofia Antiga se chama Deodato. Isso é nome de filósofo? Não. Isso é nome de remédio pra escabiose. Você chega na farmácia e diz “me arruma um frasco de deodato de benzila pra eu matar essa curuba da muléstia!”.
A repórter continuou muda. Paulão continuou matando a cobra e mostrando o pau:
– O chefe do departamento de Filosofia Moderna se chama Paulo Monte. Isso é nome de filósofo? Não. Nome de filósofo é Heráclito de Éfeso, Zenão de Eléa, Tales de Mileto... Paulo Monte de quê? Só se for de bóstia...
A repórter encerrou a matéria no maior sufoco, querendo se esconder no primeiro buraco disponível.
Professor de Filosofia Comparada, Alderi Marques, que havia assistido a polêmica entrevista pela televisão, ficou puto. Na primeira oportunidade, peitou o desabusado aluno:
– Pô, Paulo, sacanagem! Você usou o espaço nobre da rede Globo pra esculhambar com a nossa honrada universidade...
– Olha, bicho, fica frio porque eu livrei a tua cara! – avisou Paulão.
– Livrou minha cara uma porra! – devolveu Alderi.
– Livrei sim, bicho! – explicou Paulo Mamulengo, sem se alterar. “Primeiro que Alderi não é nome de professor de Filosofia. Alderi é nome de dama fuleira. Procê ter uma idéia, só lá em Picos do Piauí, eu comi duas quengas chamadas Alderi e não paguei um tostão...”
O professor Alderi quase partiu para a ignorância.
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Um comentário:
Estória engraçada mas improvável, já que o Paulo nunca terminou o curso de filosofia e não existe mestrado em arqueologia na PUC de SP.
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