O senhor Diogo Inácio de Pina Manique foi cidadão de alta
importância nos arredores dos séculos 18 e 19. Nasceu o gajo em 1733 e finou-se
em 1805, em Portugal, naturalmente.
Formou-se pela Universidade de Coimbra e, sob o manto real
de D. Maria I (ela mesma, a louca, a que mandou atear fogo nos teares
mineiros), ocupou cargos de relevância.
Ei-los: Chanceler-Mor do Reino, Administrador-Geral das
Alfândegas, Superintendente-Geral de Polícia, Desembargador da Casa de Suplicação,
Inspetor Geral dos Contrabandos e Descaminhos, Fiscal da Companhia da Paraíba e
Pernambuco, Fundador da Casa Pia de Lisboa e Intendente da Polícia do Reinado.
Pina Manique era uma espécie de Almirante Pena Botto
melhorado (ou piorado), vale dizer, homem de extremíssima direita e reacionário
ensandecido.
Aplicado misoneísta, tinha aversão a tudo que fosse novo –
ideias, costumes, artes, etc. –, contudo suspeito que deveria ter sido um
sujeito engraçadíssimo, a julgar pela carta que a pesquisadora Lúcia Giacomini
desencavou da Biblioteca de Lisboa.
Pina Manique endereçou-a ao Duque de Cadaval, Corregedor-Mor
da Justiça do Reino de Portugal quando ele, Pina Manique, era Corregedor de
Justiça de Santarém. A carta:
“Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Cadaval:
Se o meu nascimento me põe em circunstância de Vossa
Excelência me tratar por tu, caguei em mim. Se o honroso cargo que exerço, de
Corregedor da Justiça de Santarém, permite Vossa Excelência me tratar por tu,
caguei para o cargo. Mas, se nem uma nem outra coisa consente semelhante
linguagem, caguei para o tratamento. Rogo à Vossa Excelência que me informe
acerca dessas particularidades, para saber ao certo se devo, então, cagar para
Vossa Excelência. Atenciosamente, (a) Pina Manique. Santarém, Portugal, em 23 de maio de 1793.”
Qual a lição de hoje. gafanhoto? As “excelenças” e “otoridades”
são suscetíveis, zelosas de sua pompa e circunstância e não admitem
intimidades. Todo cuidado é pouco
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