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segunda-feira, junho 29, 2015

Sexo anal não se pede


Xico Sá

Um jovem, moço mesmo, ali na casa dos vinte e poucos anos, pede um autógrafo em um dos meus livros e, com a timidez de um Woody Allen juvenil versão Brooklin paulistano, indaga se pode fazer uma pergunta que não pôde fazer em público, no debate sobre os quereres das mulheres etc. Solene, nervoso, óculos maiores do que os meus, diz que precisa de um conselho para a sua vida amorosa. Uma dica.

Com o fuzuê de gente por perto, cochicha no meu ouvido. Quase passo a pergunta ao amigo Marcelo Rubens Paiva, que autografava ao meu lado, na Livraria Cultura, no Market Place, SP, “As verdades que ela não diz” (Ed. Foz). Paiva certamente daria uma melhor resposta ao noviço.

– Como pedir sexo anal à minha namorada? – era a indagação do moço, pobre moço.

Contou que já estavam juntos havia uns dois anos e nada do gênero, ao contrário de alguns amigos, que haviam praticado o ato sexual mais heterodoxo.

Meu caro leitor, ponha uma coisa na cabeça: Sexo anal não se pede. Sexo anal é dádiva, oferecimento, mimo, presente. Atitude da menina que louva aquele que bem merece. Pode ser também, em alguns casos, medida emergencial para tentar segurar o vagabundo que está de partida. Pode ser, mas não é regra.

Se você insiste, meu Woody do Brooklin paulista, fica chato, já era. Se você força, pior ainda. Aliás, forçar a barra nunca, amigo, respeite a moça que ela merece. Sexo anal, a menos que seja uma mocinha mais perversa – nada contra! –, só acontece em momentos especiais. Uma viagem a uma praia mais distante, por exemplo, é uma ocasião e tanto.


Você pode até sugerir, de leve, ao acariciá-la na cama, na delicadeza, toques dos dedos etc, mas, repito, sem forçar a barra. Se sentir que não tem chance, que ainda não chegou a hora, esqueça, meu rapaz, relaxe e continue amando, digamos assim, pelas vias mais convencionais. Assistir juntos a clássicos do cinema erótico como “O Último Tango em Paris”, que trata –poeticamente! – do tema… também ajuda a iniciar a jovem no assunto. Gera uma oportunidade para os dois, quem sabe, conversarem livremente sobre o desejo em pauta. 
E vou ficando por aqui, meu rapaz, e tomar meu café da manhã com uma gostosa tapioca com manteiga de garrafa, tipo assim, meu guri, o derradeiro tango do Agreste.

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