Meados dos anos 50. Reunido com vários amigos no Bar Avenida, o poeta Américo Antony começou a recitar o seu famoso poema “Igapó” e um garçom parou perto da mesa para ouvir o bardo.
Quando o famoso “guru da Amazônia” iniciou a segunda estrofe (“Lá o rio oculta amplas fadigas / E as sombras abrem em flor de suavidade / E espera e dorme e sonha a eternidade / De insetos de ouro e prónubas formigas...”), o garçom começou a rir, provavelmente porque nunca tinha ouvido falar antes em “prónubas formigas”, as tais formigas “noivas”.
O poeta parou de recitar e encarou o ouvinte impertinente:
– O senhor é poeta?
– Não sou não, senhor! – respondeu timidamente o garçom.
– Pois então, xispa-se daqui. Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão? – inquiriu Antony.
E antes que o garçom pudesse falar qualquer coisa, fulminou:
– Porque comigo ou é muita poesia ou é muita porrada!
O garçom quase saiu correndo do bar.
Um comentário:
Bom dia Sr Simão .
Sou casada como neto do poeta Américo Antony , protagonista deste causo. Mostrei essa página à minha sogra , filha dele , Srª Ísis Antony. Ela disse então que era bem típico dele ter essas explosões com pessoas incovenientes.E lembrou de outros fatos , como umao casião neste mesmo Bar Avenida , ao recitar um poema de Castro Alves que tinha um clímax explosivo , pegou de repente uma garrafa e quebrou-a com violência para dar mais enfase ao verso.
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