Em meados dos anos 80, aproveitando a fama repentina a partir de uma canção que emplacou na novela das oito da rede Globo, a cantora Fafá de Belém virou assunto nacional ao garantir que iria participar como “backing vocal” de todas as escolas de samba que desfilassem na Marquês de Sapucaí.
A estratégia de marketing deu certo: um pool de empresas se ofereceu para confeccionar as fantasias de cada escola para a cantora, arranjar um camarote onde ela pudesse guardar as fantasias de acordo com a ordem do desfile, além de se trocar e maquiar, e colocar um carro à disposição dela na área de dispersão pra levá-la rapidamente para a concentração.
No primeiro dia do desfile, Fafá cumpriu à risca o que prometera: cantou na Portela, na Mangueira, na Imperatriz Leopoldinense, na Vila Isabel, no Salgueiro e já estava toda paramentada para cantar na União da Ilha, onde Edu do Banjo era um dos músicos.
Um batalhão de fotógrafos e cinegrafistas seguia a cantora, registrando todos os seus passos.
Alheio ao bafafá, Aroldo Melodia estava iniciando o aquecimento da bateria da escola com seu grito de guerra:
- Segura marimba! Olha minha bateria! Minha Ilha! Minha Ilha!
Enquanto os flashes espocavam, Fafá de Belém, toda sorridente se aproximou do cantor e tentou segurar seu microfone, para cantarem juntos.
Aroldo Melodia deu um safanão na mão da cantora e cantou de galo:
- Êpa! Aqui não, minha filha, aqui não! Vá cantar em outra freguesia! Aqui na Ilha quem manda sou eu!...
Fafá ficou desconcertada.
O presidente da União da Ilha, Jorge Taufie, o “Peixinho”, de olho na mídia negativa que o fato iria gerar tentou interceder:
- Pó Aroldo, é a Fafá... Pelo amor de Deus... Deixa ela dar uma palhinha no nosso samba, vai...
- Olha, Peixinho, se tu quiseres ouvir ela cantar, paga um show dela na quadra da nossa escola... Aqui não! – devolveu Aroldo Melodia, já ficando puto.
Fafá, rindo nervosamente, não sabia onde se esconder.
Alheio ao constrangimento que causara involuntariamente, Aroldo Melodia entoou de novo seu grito de guerra:
- Segura marimba! Olha minha bateria! Minha Ilha! Minha Ilha!
Aos prantos, Fafá de Belém foi embora, seguida pelo batalhão de fotógrafos e cinegrafistas.
Após o desfile, na área de dispersão, Edu do Banjo foi falar com o cantor:
- Porra, Aroldo, você cagou e mijou na cabeça da Fafá de Belém. Uma mulher daquele tamanho... Você não teve medo de ela te dar umas porradas não?
- Tive não, cumpádi, tive não! – explicou o cantor. “Com aqueles peitões, eu só tive medo foi dela depois ficar muito ‘despeitada’ comigo...”
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