Na última terça feira, a Marie Jolie foi ao estádio do Sesi
cumprir, mais uma vez, seu papel de musa da torcida do Nacional, no jogo contra
o Vasco.
Eu, Jeziel Souza e Áureo Petita fomo assistir ao jogo no
telão do Bar do Val, ali em São Francisco, nas imediações do Cafundó.
Val, eu e Jeziel somos vascaínos. O Áureo é botafoguense.
Éramos a famosa exceção da regra porque na plateia havia uns
50 flamenguistas torcendo ruidosamente pelo Nacional.
Só mesmo a mulambada para assistir um jogo do Vasco pelo
prazer quase sádico de torcer contra.
Quando há jogo do Flamengo, os vascaínos não procuram saber
sequer o resultado da pelada quanto mais perder tempo assistindo a mulambada
jogar...
C’est la différence!
O fato é que o Nacional jogou melhor, perdeu meia dúzia de gols
inacreditáveis e amargou uma inexplicável derrota de 2 a zero, para desespero
da mulambada fedida.
Não há a menor chance de o Leão Azul reverter esse placar em
São Januário. Ponto final.
Nesta quarta feira, a Marie Jolie estava completando 20 anos
e a levei para jantar na Casa do Bacalhau, aqui perto do mocó.
Também vascaína, ela me contou que o Vasco estava
completando 105 anos naquele mesmo dia (21 de agosto).
Eu não sabia.
Falei pra ela que Joe Strummer, ex-vocalista do Clash e dos
Mescaleros, se ainda estivesse vivo também estaria completando 61 anos naquele
dia.
Ela não sabia quem era Joe Strummer e também fiquei com
preguiça de explicar.
Enquanto esperávamos pelo cordeiro à moda da aldeia e
detonávamos algumas heinekens, a Marie Jolie pegou o smartphone e inocentemente
postou no facebook uma declaração de amor ao Vascão.
Ela faz isso desde os dez anos de idade, por que agora seria
diferente?...
A declaração simples e despretensiosa, entretanto, provocou
uma hecatombe nuclear nos arraiais facebookianos.
Na mesma hora, um rebanho de tribufus enfurecidos,
supostamente pertencentes à torcida feminina do Nacional, começou a postar
comentários inconvenientes na linha de tempo da menina (chamando-a de traidora
do Leão Azul e de “amacarioca”, o neologismo babaca criado no dia do jogo para
sacanear os vascaínos da cidade).
Marie Jolie ficou vermelha, verde, bege, tom-sobre-tom,
salmão, caramelo, tutti-frutti e me passou as ofensas para eu ler.
Era uma bobajada só, proveniente daquele provincianismo jeca
tatu quase histérico, quase esquizofrênico, quase insano de tão ridículo.
Se você nasce em Manaus, só pode torcer por times amazonenses.
O resto é trairagem...
As tribufus estavam putas no balde ao descobrirem que a
Marie Jolie é vascaína – como se ela tivesse alguma culpa pelos gols perdidos
pelos pernas-de-pau do time nacionalino, que culminou no chocolate recebido
pelo Nacional na noite anterior.
– Deleta esses comentários de merda e bloqueia a porra dessas
vagabundas, caceta! – avisei, peremptório. “Isso é coisa de gente sem noção!”
Foi o que ela fez.
Eu não ia deixar um bando de desclassificadas sem noção
estragar a noite da Marie Jolie no dia do seu aniversário.
Mais tarde, já no mocó, ela me contou que vai abandonar esse
negócio de musa da torcida nacionalina porque só lhe traz aborrecimentos.
Para um rionegrino da velha guarda e vascaíno roxo, essa
decisão da Marie Jolie não poderia me deixar mais feliz.
Chupa que é de uva, mulambada!
Um comentário:
Olha a Rayana.
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