Magali Impliquete
Acabei de descobrir que estou vivendo uma das fases mais
cruéis da vida: aquela em que todo mundo casa.
Não sou uma solteira amarga, adoro uma festa, mas pelo jeito
tenho fobia de casamentos. Ou de listas de presentes, pelo menos.
Passei meses “preocupada” se iria ser convidada para festas
de casamento só para perceber que ao ganhar o esperado convite, eu me dei
malzaço.
O choque de realidade veio aos poucos: primeiro chegou
aquele convite branco ou creme em retangular.
Achei tudo tão sério e démodé: aquela coisa toda de nome dos
pais, nome dos noivos.
Além disso, aquelas letras em relevo dão uma sobriedade tão
assustadora que dá quase pra ouvir o Sérgio Chapelin narrando os pormenores de
hora e igreja.
Eu sei que os noivos tiveram mil preocupações e quiseram o
melhor.
Por isso, eu me sinto mal por reagir assim, mas não consigo
evitar: enquanto recebia o convite, por trás do meu sorriso, só pensava logo em
esconder aquele envelope.
Essa é a outra parte do problema: como sabemos que estamos
dando atenção o suficiente ao convite? E se a noiva achar que não passei a mão
o suficiente no cartão para sentir a maciez e o relevo?
Mas o pior estava por vir. Desligada que sou, nem dei
atenção ao fato que agora todos os noivos que prestem tem um site.
Eu achava que poderia ficar sem essa, mas como um dos
casórios é na praia, fiquei sabendo que era lá que ficava o endereço das
possíveis pousadas.
Depois de digitar o www, fui recepcionada por uma musiquinha
e uma foto dos noivos abraçados. Esse nem era o pior: lá estava ela, num canto,
a lista dos presentes.
Enquanto procurava algo bacana e justo com o meu bolso
furado, comecei a morrer de inveja: imagina que delícia dar uma festa e pedir
em troca geladeiras, tocadores de iPad e vales-lua-de-mel? Será que é por isso
que as tradicionais festas de casamento existem?
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