O caminho é longo, porém agradável. Cerca de 40 minutos de
carro, a uma velocidade média de 100 km por hora, seguindo em direção à cidade de
Carpina. O lugar, que se assemelha às terras de um antigo engenho, abriga um
sítio, onde o colecionador José Moisés de Moura aconchega o melhor estoque de
birita de Pernambuco.
São 4.500 marcas da bebida que mais tem cara de Brasil, a
cachaça. É pinga de todo canto do País, muitas delas apena guardadas na
lembrança de veteranos adeptos do hábito de “abrir os caminhos” do estômago e
da cabeça. Como a saudosa pernambucana Serra Grande, que ostentava além do
gosto, uma tampa de cortiça para conservar melhor as qualidades da bebida.
“Pernambuco já foi um grande produtor mundial de cachaça,
mais hoje a produção se limita a poucas marcas, além das artesanais fabricadas
nos municípios do interior”, concebe o filho do colecionador e administrador do
museu, Júlio Moura. “Entretanto não se pode discutir que são boas marcas”,
atenua, destacando bebidas como a Recordações de 40, à qual é adicionado maçã,
a Carvalheira e a Pitu, conhecidas e apreciadas em todo o Brasil.
Cabe ao Estado de Minas Gerais – óóó Minhas Gerais – o
título de maior produtor nacional de cachaça do País e, certamente, do mundo.
“Lá ainda existem cerca de 3 mil marcas”, avalia Júlio Moura. É de lá, também,
a cachaça mais cara do mundo, a Cuba e que custa, no Estado, R$ 385,00. “No
Recife só encontramos essa cachaça em uma loja do Aeroporto, a Cachaçaria
Brasil, que sai por volta de R$ 450,00”, alerta.
O pai colecionador, entretanto, colhe em andanças praticadas
pelo mundão do Brasil, o que lhe vale, além de conhecimento, boas degustações
país adentro. Além do estoque de birita de cana-de-açúcar, o museu oferece
conhecimento sobre a arte de embebedar-se.
Há maquetes que mostram a arte de fabricar a bebida, tipo de
cachaça fabricados pelo mundo – como a peruana Pisco, feita sem a
cana-de-açúcar, apenas com a destilação da uva verde – e informações
históricas. Em um dos cantos sagrados do museu, está exposta a única cachaça
apreciada por um soberano Português, a Monjopina, fabricada em 1756 no engenho
Monjope, em Igarassu, pertinho de Recife. Cana pra rei nenhum botar defeito,
não é senhor Dom Pedro Segundo?
Pra não ficar de boca seca, o museu reserva ainda o Bar do
Papudinho, onde se pode apreciar 50 marcas de cachaça, regadas a pitangas,
queijos e acompanhamentos que vão além da imaginação sóbria. No mais, boa
viagem aos navegantes. Quem quiser conferir: Museu da Cachaça de Pernambuco –
Chácara Girassol – Lagoa do Carro, Pernambuco. Basta seguir as placas na bê
érre em direção a Carpina que o cabra chega lá. Entrada R$ 5,00 (preço de uma
meiota). Diariamente das 9h às 17h.
Hino da Cachaça
Com a marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meu taio
Pego no copo e dali não saio.
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é que eu dô trabaio
Oi lá
A mulher me disse, ela me falô
Largue de bebê, peço por favô
Prosa de muié, nunca dei valô
Bebo com sor quente pra esfriar calô
E bebo de noite é pra fazê suadô
Oi lá
Cada veiz que eu caio, caio diferente
Meaço pra trais e caio pra frente
Caio devagar, caio de repente
Vou de currupio, vou diretamente
Mas sendo de pinga, eu caio contente
Oi lá
Eu bebo pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo no copo, bebo na tigela
E bebo temperada com cravo e canela
Seja quarqué tempo vai pinga na guela
Oi lá
Eu fui numa festa no rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me deram pinga pra mim bebê
Bicha tava travosa, tava sem fervê
Oi lá
Eu bebi demais e fiquei mamado
Eu caí no chão e fiquei deitado
E só fui pra casa de braço dado
De braço dado com dois soldado
Muito obrigado
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