Londres, anos 40. Paschoal Carlos Magno era o cônsul brasileiro em Liverpool, mas não perdia teatro ou concerto na capital britânica, fustigada pela Luftwaffe de Herman Goering e pelas bombas V-1 (que invariavelmente caíam no Canal da Mancha), criadas pelo genial Werner von Braun, mais tarde pai, avô e bisavô do programa espacial americano.
Certa ocasião, durante um concerto sinfônico regido por Eugene Ormandy, uma sirene estremece o teatro, anunciando ataque aéreo dos alemães. Dessa vez, as bombas eram as primeiras e terrivelmente eficazes V-2 alemãs, precursoras até inocentes dos fantásticos mísseis atuais.
Ormandy, sem se afastar do pódio, voltou-se gravemente para a paltéia e para seus músicos e disse com serenidade:
– Os senhores têm plena liberdade de procurar os abrigos anti-aéreos.
Aguardou alguns instantes e, vendo que ninguém se movia, declarou com firmeza:
– As bombas passam.
E regeu a Nona Sinfonia do maestro alemão Ludwig van Beethoven.
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