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sexta-feira, março 23, 2012
Aula 11 do Curso Intensivo de Black Music: A seminal gravadora Stax
A origem da Stax foi uma lojinha de discos de Memphis, chamada Satellite, nome pelo qual foram lançados os primeiros singles da companhia, a partir de 1957.
A gravadora chamou a atenção de Rufus Thomas, um DJ local de rádio e cantor de rhythm & blues.
Ele queria lançar a filha, Carla Thomas, então com 17 anos.
Convenceu o proprietário da loja a gravar um disquinho com um dueto entre ele e a menina.
A música foi o primeiro sucesso da gravadora, mas ficou circunscrita à cidade de Memphis.
Hoje, com mais de 80 anos, Rufus Thomas é um dos mais velhos soulmen ainda na ativa e tem se notabilizado por músicas extremamente dançantes, apoiadas em letras picantes.
Sua “Walking The Dog” foi gravada por meio mundo no rock, de Aerosmith a Eric Clapton.
Em 1960, Carla Thomas gravou seu primeiro disco individual, “Gee Whiz”.
Foi o maior hit da Satellite – tão grande que o sucesso do single foi bater em Nova York e chamou a atenção da gravadora Atlantic.
Um acordo de distribuição, que durou até 1968, fez da Stax o maior estúdio de soul dos EUA.
O nome Satellite foi abandonado por já pertencer a uma empresa californiana.
Stax surgiu da junção das iniciais do sobrenome de seus proprietários, os irmãos James Stewart e Estelle Axton.
Embora não fosse a única gravadora de Memphis a fazer soul, a Stax tinha o som mais rústico.
Seus músicos não abusavam das firulas.
Steve Cropper foi o mais econômico dos guitarristas do gênero.
Compositor de alguns dos maiores clássicos do soul, Cropper era branco.
Integração era a meta da geração Stax.
Sua música nasceu durante as marchas pelos direitos civis dos negros americanos.
“Eu tive um sonho”, dizia Martin Luther King, no que era repetido pelas letras de soul.
King era um pastor e o soul trazia o fervor da música das igrejas.
Era uma música positiva e de fé.
“Eu te levo lá”, entoavam os Staple Singers, em tom de gospel, em seu maior sucesso, “I’ll Take You There”, uma alusão ao reino dos céus.
A música da Stax não era apenas o encontro do blues com o gospel.
A gravadora trazia como novidade um pouco de jazz no órgão de Booker T e The MGs e nos sopros dos Mar-Keys, mas, principalmente, uma abordagem country nas cordas de Cropper e Dunn (o baixista Donald ‘Duck’ Dunn).
Um bom exemplo da influência country está na música “You Don’t Miss Your Water”, de William Bell.
A canção passa facilmente por uma balada country, mas o vocal, os arpejos de piano e os sopros ressoam na melhor tradição do gospel negro.
A mistura de estilos propiciou que, pela primeira vez, cantores negros (e não covers de Pat Boone e Elvis Presley) chegassem ao alto da parada pop.
O melhor é que não havia clima para queimar discos e acusar o soul de ser a música do diabo, como ocorreu com o rock’n’roll, porque a origem gospel impedia a tática da segregação apocalíptica.
A banda instrumental de soul Mar-Keys acabou representando um fenômeno sem paralelo, por ser, no início dos anos 60, formada apenas por brancos.
Seu primeiro hit, “Last Night”, de 1961, entrou entre os singles mais vendidos tanto na parada de rhythm & blues (negra) quanto na de pop (branca).
No ano seguinte, os músicos do Mar-Keys juntaram-se ao tecladista negro Booker T, então com 18 anos, e ao baterista negro Al Jackson Jr., para a gravação do maior hit instrumental da década, “Green Onions”, de Booker T and the MG’s.
Ambas as bandas serviram como instrumentistas oficiais das gravações da Stax, dividindo composições e arranjos.
Com o aumento da produção, aos poucos surgiram novos compositores, como a dupla Isaac Hayes e Dave Porter, que criou vários hits gravados por Sam & Dave.
Sam Moore e David Prater eram “a” dupla da Stax.
Separados, não tiveram sorte em suas carreiras solo.
Prater morreu em um acidente de carro em 1988.
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