Nos anos 1930, a venda de sambas era vista como algo normal, e os plágios e apropriações em geral ocorriam em grande quantidade.
O compositor Sinhô apregoava que samba e passarinho era de quem pegasse primeiro.
Benedito Lacerda, o grande flautista que ficou eternizado nas gravações em duo com Pixinguinha, foi coadjuvante num tipo de golpe aplicado pelo malandro Brancura, que também se arvorava em ser compositor.
O golpe era o seguinte: quando encontrava um compositor humilde e desconhecido, mas que tinha uma música com possibilidade de sucesso, Brancura marcava encontro no Bar São José, que tinha o interior dividido com treliças.
Os dois iam para uma mesa junto à divisória, e do outro lado se postava Benedito, com lápis e papel de pauta musical.
À medida que o otário ia cantando, Benedito ia fazendo a partitura cifrada da música.
Numa certa altura, Brancura fazia cara de espanto e dizia ao coitado que aquela música era sua, e que tinha sido feita poucos dias antes com a prestimosa ajuda do seu compadre Benedito Lacerda.
Benedito saía pela porta lateral e depois de alguns minutos entrava no boteco dando de cara com os dois.
Brancura então pedia que ele tocasse o samba que os dois haviam feito alguns dias antes.
Benedito tirava a partitura do bolso e tocava o samba na flauta, deixando o verdadeiro autor perplexo com a estranha coincidência.
O cara saía de mansinho e a música agora era oficialmente do Brancura.
Vários sambas assinados pelo malandro foram ganhos com esse golpe.
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