Outubro de 2005. Um bebedouro da cantina do ICHL tomou chá de sumiço e as suspeitas recaíram sobre o estudante de Filosofia Paulo Mamulengo, presidente do Centro Acadêmico de Filosofia e o único com tutano suficiente para cometer aquela façanha na maior cara de pau.
O reitor Himdembergue Frota instalou uma Comissão de Sindicância para apurar a presepada. Três funcionárias sexagenárias foram nomeadas para a comissão.
Depois de uma série de desencontros, as anciãs conseguiram localizar o “suspeito” no campus universitário e iniciaram o interrogatório formal.
– Eu posso saber de que estou sendo acusado? – indagou Paulo Mamulengo.
– É que roubaram um bebedouro da cantina do ICHL e a gente está tentando localizar o responsável! – explicou uma delas.
– E eu posso saber quando foi que se deu esse crime hediondo? – insistiu Paulão.
Uma das senhoras consultou uns papéis que trazia no meio de diversos formulários com o timbre “confidencial” presos em uma prancheta e anunciou:
– Foi na tarde da terça-feira, dia 17, entre 14 e 15h...
Paulão pensou um pouco, criando uma expectativa nervosa entre as anciãs, e aí detonou:
– Se foi nesse dia e nesse horário, não fui eu não. Podem procurar outro suspeito...
As anciãs se entreolharam cada vez mais nervosas e uma delas insistiu.
– Não foi o senhor por que?...
Paulão não contou conversa:
– Porque na tarde de terça-feira, dia 17, entre 14 e 15h, eu estava comendo a bunda do professor Paulo Monte dentro do banheiro masculino do ICHL. Podem perguntar dele...
As anciãs ficaram pálidas. Aí, como se acabassem de ter visto o Demo palitando os dentes, meteram o pé na carreira. A Comissão de Sindicância acabou na mesma hora. O professor Paulo Monte, quando soube da história, só faltou morrer de rir.
Soube-se depois que o bebedouro havia sido levado para o prédio de Licenciatura em Letras pelos estudantes do referido curso, a partir de uma sugestão de José Mair, bonequeiro, artista plástico, agitador cultural e “cria” de Paulo Mamulengo. Atualmente, Zé Mair mora na Espanha.
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