Sob a tutela de Toninho Mendes, responsável pela cultuada editora Circo, que publicou, entre outros sucessos, a revista Chiclete com Banana, com Angeli, Laerte e Glauco, na década de 1980, a editora Peixe Grande acaba de fazer o seu début no mercado editorial.
“Quadrinhos Sacanas – Os Herdeiros de Carlos Zéfiro”, o primeiro lançamento da Peixe Grande, compreende uma caixa com quatro livrinhos trazendo 12 histórias pornográficas desenhadas entre os anos 1950 e 1980 por autores anônimos, publicadas originalmente nos famosos “catecismos”, as revistinhas de sacanagem de outrora.
A intenção é mostrar que a produção das HQs desse gênero foi além do trabalho de Zéfiro. Cada livrinho traz um tema, que envolve viajantes espaciais, noites de núpcias, casais fora dos padrões normais e outros personagens e situações não muito usuais. O preço da caixa é de R$ 69,00.
Na sequência, a editora deve lançar “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, livro do jornalista Gonçalo Júnior que dá continuidade ao ótimo “A Guerra dos Gibis”, cobrindo agora o período de 1964 a 1985, os 21 anos da ditadura militar.
O livro, um calhamaço de 500 páginas, conta a história da censura aos quadrinhos e às revistas de sexo, a partir das publicações das editoras Edrel e Grafipar e da trajetória de seus editores, Minami Keizi e Claudio Seto.
“Maria Erótica e o Clamor do Sexo” seria publicado originalmente em dois volumes, o que chegou a ser informado por Gonçalo Júnior no Twitter, porém, para evitar que o valor final ficasse muito elevado para o leitor, foi decidido que sairia num livro apenas.
A editora Peixe Grande também tem intenção de publicar a antologia “Quadrinhos Sujos #2”, com HQs de sacanagem estrangeiras, dando continuidade ao primeiro volume, que foi publicado pela extinta Opera Graphica e encontra-se esgotado.
De acordo com o editor Toninho Mendes, a expectativa é trabalhar muito com recuperação histórica. “A Peixe Grande não é uma editora de quadrinhos, ela também edita quadrinhos. O intuito é o resgate sistemático do que aconteceu na imprensa brasileira, de uma maneira geral, com foco grande na pornografia, no erotismo e na sacanagem”, informou Toninho ao Universo HQ.
Resumo dos “Quadrinhos Sacanas”:
Volume 1 – Sexo Espacial – Seleciona histórias com temas muito em voga no Brasil no inicio dos anos 60, a corrida espacial, os discos voadores, Brigite Bardot e Super-Homem. São três historietas (“Ivo, o Marciano”, “Super Homem x Brigite Bardot” e “Valdir, o Astronauta”) constituídas de um anedotário muito particular. Imperdível para quem gosta destes temas. Absolutamente hilárias e safadas. Formato: 10 x 13,5cm / 112 páginas
Volume 2 – Defloramento – Reúne obras que primam pela malícia da sedução de típicos amantes latinos no momento da perda da virgindade. São três histórias (“Índio Quer Apito”, “A Primeira Noite” e “Denise uma Garota Especial”) criadas com diferenças de décadas uma da outra, mas que possuem em comum todo um linguajar próprio do ritual da sacanagem, onde o termo catecismo revela-se o mais apropriado para rotular estas peças pois é totalmente doutrinador. Também aqui temos uma unidade no grafismo. Todas as obras foram realizas a pincel e encontramos “cenas clonadas” das tiras Nick Holmes, Jim das Selvas e Flash Gordon. Formato: 10 x 13,5cm / 112 páginas.
Volume 3 – Sexo com Animais – Coleciona três histórias (“O Marinheiro”, “Morgon, o Pirata” e as “As 3 Cabras de Lampião”), que tratam de um tema real para o homem, desde tempos bíblicos. Parodiando clichês de clássicos da aventura, como náufragos, piratas e cangaceiros, são três pérolas gráficas repletas de detalhes legitimamente satíricos (do grego sathê, “pênis”), todas criadas por artistas gráficos profissionais que se mantiveram anônimos. Este volume contém a impagável “As 3 Cabras e Lampião”, uma das melhores histórias em quadrinhos cômicas de sexo do Brasil de todos os tempos e incrivelmente desenhada imitando os desenhos do conceituado pintor Aldemir Martins. Formato: 10 x 13,5cm / 112 páginas.
Volume 4 – Terceiro Sexo – É do escritor Millor Fernandes a frase: “Bons tempos quando só existia três sexos”. Também contendo três histórias (“Confissões de uma Moça Livre”, “Marlene Arranja um Homem” e “A Gang”), este é o mais politicamente incorreto tomo da coleção, mas é uma delícia de brega. Se bem que, para sua época, os anos 60, estas histórias eram vanguardistas na medida em que discutiam temas como liberdade feminina, opção sexual, críticas aos bons costumes familiares, corrupção, hipocrisia da alta sociedade, etc. E tudo embalado pela mais doce das putarias. Este volume revela ainda uma mudança no foco das referências gráficas dos seus artistas. Obras européias como Barbarella e revistas de fotonovelas pornográficas suecas são as novas influências. Formato: 10 x 13,5cm / 112 páginas.
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