Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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quarta-feira, julho 07, 2010
O troglodita e o poeta
Uma das obras de Afrânio de Castro pertencente ao acervo particular de Anibal Beça
Por conta de sua excentricidade e ao seu permanente ar de mistério, começou a circular na cidade uma história dando conta de que o poeta Luiz Bacellar virava morcego, à meia-noite, nas sextas-feiras. O troglodita Afrânio de Castro valia-se disso para inventar toda sorte de piadas sobre o circunspecto autor de Frauta de barro. Segue uma delas, recuperada pelo saudoso escritor Arthur Engrácio.
Entrando, uma manhã, no cemitério São João Batista, Afrânio de Castro avistou, a distância, o poeta. Ele foi se aproximando devagar, sem ser percebido, até que ficou bem perto dele, ocultando-se atrás de uma mangueira. Naquele instante, caía uma chuva fina e Afrânio pôde ouvir de repente a voz da mamãe Vampirella dirigindo-se a Luiz Bacellar:
– Bacellarzinho, meu filho, meu tesouro, acho bom você recolher-se ao seu mausoléu. Está começando a chover e você pode ficar gripado.
Ao que o poeta respondeu-lhe:
– Não tem problema, não, mãezinha querida. Não carece se preocupar comigo. Deixa eu ficar aqui fora, brincando mais um pouquinho com o meu priminho Frankstein...
Quando soube da história, Luiz Bacellar jurou matar o artista plástico. Não cumpriu a promessa. No dia 20 de setembro de 1981, num domingo à tarde, Afrânio de Castro morreu afogado na praia da Ponta Negra, durante um porre monumental.
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