Pesquisar este blog

segunda-feira, julho 05, 2010

Morre o poeta Roberto Piva



O poeta Roberto Piva morreu no último sábado (3), em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos decorrente de insuficiência renal. Um câncer na próstata o havia levado ao Hospital das Clínicas, onde estava internado desde maio. O câncer atingiu os ossos. Roberto Piva sofria de Mal de Parkinson há dez anos.


Poeta de importância nacional, Piva nasceu em São Paulo, onde escreveu sua obra prima, a coleção de poemas Paranoia, publicada em 1963.

Ao retratar a capital paulista de maneira maldita, inspirado pelo movimento beatnik e pelo surrealismo, Piva começou a se destacar como uma voz dissonante nos meios artísticos da cidade, num tempo em que os escritores ainda se juntavam em grupos. A obra ganhou reedição neste ano pela editora Instituto Moreira Salles.

O autor fez parte da geração de escritores, como Jorge Mautner, Hilda Hist e Claudio Willer, descobertos pelo editor Massao Ohno. Durante sua carreira, o poeta destacou-se pela poética urbana. Suas obras foram divididas em três volumes.e relançadas pela Editora Globo há cinco anos.

Ele fez parte de uma geração brilhante, mas posteriormente marginalizada, com fortes influências dos poetas beats americanos. Apesar disso, Piva não era facilmente classificável.

O ministro da Cultura Juca Ferreira divulgou nota em que afirma: "Se a morte de um poeta é sempre uma tragédia, a morte de alguém como Piva é um imenso baque a mais, já que a energia que alimentava sua poesia era a exaltação da carnalidade. Essa sua energia enfrentou, nos anos 60 e 70, além da repressão, a estranheza que se voltava contra pregadores, como ele, de uma poética do desregramento. Piva assumiu a responsabilidade de expressar as nossas carências e delírios extremos".

O velório foi realizado na noite de sábado no Cemitério do Araçá e o corpo do poeta foi cremado na tarde deste domingo (4) no crematório da Vila Alpina.

Um comentário:

Fabiano Fernandes Garcez disse...

Para Piva

Ah! Menino-demônio
Anjo-velhaco
Pegaste o elevador fantástico
para pousar na brilhante neve infernal

Esporra essa metralhadora giratória de impropérios
em minha boca torta
em meu ouvido invisível
em meus orifícios violados
em meus poros pudicos
para que junto de ti e ao sol roxo de vergonha
eu deixe distanciar minha inocência
em mais um tapete voador