Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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quarta-feira, julho 07, 2010
Histórias do saudoso troglodita
Temperamental por excelência, o artista plástico Afrânio de Castro, apelidado amigavelmente de “Troglodita” pelos seus parceiros de Clube da Madrugada, estava enchendo a cara de birita em um boteco na rua Saldanha Marinho, quando percebeu que sua grana havia acabado. No mesmo instante, ele viu o conhecido radialista Josaphat Pires, que lhe devia alguns trocados, caminhando do outro lado da rua. Trajando um terno de linho branco, impecavelmente engomado, de sapatos e meias também brancos, Josaphat estava indo bater o ponto no Bar do Carmona, ali perto.
Pretendendo cobrar a dívida para continuar bebendo, Afrânio de Castro levantou-se, chegou até a porta e gritou pelo nome do amigo. Fingindo-se de surdo, Josaphat continuou o seu caminho. Afrânio deu outro grito. O radialista não deu a mínima. Afrânio repetiu o grito pela terceira vez. Imperturbável, Josaphat continuou na mesma pisada. Afrânio não se conteve.
Se posicionando na calçada do boteco, ele colocou as mãos em concha na boca e gritou bem alto, a plenos pulmões:
– Josaphat, ô Josaphat! Todo de branco, hein? Mas com a alma negra como a asa da graúna!
O radialista quase morreu de rir. Mas não atendeu aos apelos desesperados do troglodita e se afastou dali rapidamente.
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