Maio de 1992. Funcionário de carreira do Tribunal Regional Eleitoral, Josenildo Pereira era estudante de Engenharia Elétrica na Utam e boêmio de carteirinha.
Ele enfrentava um problema sério no final das suas noitadas etílicas: nenhum motorista de táxi queria levá-lo em casa, porque ele morava na rua São Sebastião, em São Raimundo, exatamente nos fundos do cemitério Santa Helena.
Para driblar a má vontade dos taxistas, Josenildo desenvolveu um macete: pedia para o taxista ir para o bairro de São Raimundo e, lá chegando, ia guiando o motorista pelas ruas:
“Entra aqui na Cinco de Setembro. Agora sobe pela Rego de Barros até a Rua das Cacimbas. Agora pega a Avenida Rio Branco e entra na Vista Alegre. Aqui, você dobra a esquerda”.
Quando o taxista caía em si, já estava na rua São Sebastião, em frente do cemitério.
Uma madrugada, vindo do clube Kalamazon, Josenildo cumpriu o script direitinho.
Ocorre que em vez de parar em frente da sua residência, o taxista parou exatamente em frente ao portão traseiro do cemitério, que costumava ficar aberto.
Enquanto dava o troco da corrida, o motorista percebeu que estava parado diante do cemitério, em uma ruela mal iluminada, deserta e silenciosa.
Sem esconder o nervosismo, ele indagou do passageiro:
– Porra, bicho, você não tem medo de descer aqui não?...
Morto de bêbado, Josenildo embolsou a grana do troco e tranqüilizou o motorista:
– Eu tinha medo quando estava vivo. Hoje, não. Hoje eu tiro de letra...
Dito isso, ele entrou pelo portão aberto do cemitério na maior sem cerimônia e sumiu na escuridão.
O motorista saiu cantando os pneus do carro na mesma hora e, se não morreu do coração naquela noite, deve ter certeza de que transportou uma “visagem”.
Assim nascem as lendas urbanas.
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