Álvaro Maia nasceu no seringal Goiabal, no rio Madeira, em Humaitá, mas veio criança para Manaus, onde fez primário e secundário.
Começou a trabalhar no Jornal do Comércio com 16 anos.
Fez o serviço militar no 26.º Batalhão de Caçadores, tendo como companheiros de caserna o artista plástico Branco e Silva e o poeta Américo Antony.
Alguns anos depois, Álvaro Maia foi cursar Direito no Ceará, mas depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde acabou se formando.
Quando retornou a Manaus, se tornou jornalista militante, ativista político e poeta nativista por conta da famosa Canção de Fé e Esperança, publicada no início dos anos 20.
Após a Revolução de 1930, foi nomeado interventor federal, tendo se exonerado do cargo no ano seguinte.
Em 1935, foi escolhido senador pela Assembleia Estadual e, depois, também em eleição indireta, virou governador.
Com o golpe político do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, foi nomeado outra vez interventor federal, mantendo-se no poder até a queda de Getúlio Vargas, em 29 de outubro de 1945.
Assim que assumiu o latifúndio amazonense, Álvaro Maia escolheu os prefeitos, promotores e juízes entre seus amigos mais chegados, despachou cada um deles para a sua respectiva cidade e ficou em Manaus cuidando do governo.
Do governo e da poesia. Gostava de perpetrar versos e promover saraus literários no Palácio Rio Negro.
Publicou livros, alguns elogiados pela crítica, como Buzina dos paranás.
Para ele, um bom verso valia mais do que um bom despacho.
Um dia chega a Manaus o prefeito de Lábrea, lá no infinito do rio Purus, quase no Acre.
– Senhor interventor, vim solicitar-lhe a demissão ou transferência do promotor Dr. Américo Antony. Está dando escândalos na cidade. Ele bebe muito e outro dia ficou nu na beira do rio. E há coisa pior, muito pior, senhor interventor! Além de todos esses vexames, o Dr. Américo Antony também é poeta e vai acabar levando nossos jovens para esse mau caminho...
O interventor nem pensou duas vezes.
O promotor foi mantido no cargo, mas o prefeito foi exonerado na mesma hora.
É pra isso que servem os amigos de caserna e os cultores de poesia, não necessariamente nesta ordem.
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