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segunda-feira, novembro 22, 2010

Um Baile de Máscaras inesquecível

Eu, Moacir Andrade e Francisco Mendes no badalado Pina Chope

Fevereiro de 1945. Sábado gordo, dia do Baile de Máscaras no clube mais elitista da cidade.

Vestido garbosamente de “blacktie”, o artista plástico Moacir Andrade estava postado no alto da escadaria do Ideal Clube que dá para o salão superior, quando sua atenção foi despertada para um casal de comerciantes portugueses que adentrava no clube conduzindo uma jovem ricamente fantasiada de dama da corte italiana.

Ao lado da trinca, conversando animadamente, vinha o médico Flávio Castro, amigo de sua família.

Cobrindo o rosto, a garota trazia uma daquelas máscaras de porcelana típicas do carnaval de Veneza.

As luvas douradas, o vestido rodado cheio de superposições, o chapéu pontiagudo na cabeça, a exuberante peruca loira e o discreto leque negro com que ela se abanava graciosamente despertaram a libido do pintor. Foi tesão a primeira vista.

Elegantemente, Moacir tirou a moça para bailar, seus pais concordaram, e durante a noite toda, até a orquestra tocar “Cidade Maravilhosa” encerrando o frege, os dois pombinhos não se desgrudaram mais.

O artista plástico ficara irremediavelmente apaixonado.

O curioso é que, com exceção de seus expressivos olhos azuis vislumbrados sob a máscara de porcelana, nenhuma parte do corpo da menina estava a mostra.

Moacir não sabia se ela era branca, morena, mulata ou amarela.

Mas isso era o de menos. O importante é que ele estava completamente apaixonado e disposto a se casar com a garota no dia seguinte.

Durante alguns dias, Moacir Andrade tentou inutilmente localizar o paradeiro da menina.

Como ninguém era capaz de fornecer uma pista segura, ele tentou sua última cartada: foi bater no consultório de Flávio Castro.

O médico demonstrou uma certa surpresa em ver aquele rapaz de pouco mais de 20 anos tão empenhado assim em encontrar sua alama gêmea.

– Olha, Moacir, deixa eu te contar uma coisa. Aquela menina se chama Ariadne e seus pais são abonados comerciantes locais. Ela é filha única, fala vários idiomas, toca piano clássico e violino, é educadíssima, lindíssima e irradiava muita felicidade! – explicou o médico. “Há dois anos ela contraiu o bacilo de Hansen, ninguém sabe como. Seus pais gastaram uma fortuna com médicos do mundo todo, mas não conseguiram debelar a doença. Ela tem poucos meses de vida. Os três viajaram ontem para São Paulo e provavelmente você nunca mais vai voltar a vê-los. A Ariadne me pediu apenas para te dar um recado: que aquela noite, no Baile de Máscaras, no Ideal Clube, foi a noite mais feliz de toda a sua vida.

Moacir Andrade quase pirou o cabeção.

E sempre que se recorda daquela noite mágica, fica visivelmente emocionado.

Um comentário:

Anônimo disse...

SIMÃO, UMA BELA HISTORIA DE PRINCESA, COMOVENTE