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quinta-feira, junho 23, 2011

Aula 33 do Curso Intensivo de Rock: Creedence Clearwater Revival


O Creedence Clearwater Revival surgiu em 1959, com o nome de The Blue Velvets, na Bay Area, subúrbio de El Cerrito, na Califórnia.

Uma banda de carreira bastante singular, que levou quase uma década para alcançar o sucesso e, depois de pouco mais de dois anos no topo das paradas, foi se extinguindo gradativamente, até encerrar suas atividades de forma definitiva em outubro de 1972.

Porém, sua trajetória acidentada foi suficiente para que conquistasse um lugar ao sol na história do rock’n’roll, talvez como a mais universal cult band de todos os tempos.

Tudo começou quando os irmãos Fogerty – Tom e John – encontraram em seus colegas do colégio Stu Cook e Doug “Cosmo” Clifford, respectivamente baixista e baterista, o complemento ideal para o crossover entre o country, o folk e o rhythm’n’blues que eles pretendiam detonar com suas guitarras.

O quarteto começou com o nome de The Blue Velvets, tocando no circuito local, mas só assinaram o primeiro contrato em 1964, com a Fantasy Records, que viria a ser sua gravadora até o fim.

Os empresários queriam que mudassem o nome para Golliwogs, vendo no nome um antídoto à invasão britânica que estava acontecendo com Beatles, Rolling Stones, Eric Burdon e The Animals.

O grupo não aceitou a sugestão.

No entanto, seria como Creedence Clearwater Revival, nome que adotou a partir de 1967, que a banda começaria a sentir o gosto doce da fama.


A fórmula musical deste êxito consistia na guitarra-ritmo de Tom, no baixo de Stu e na bateria de Doug, que formavam uma base ideal para secundar as criações do gênio de John Fogerty, expressas tanto por sua assinatura em quase todo o material da banda como também pelos riffs inconfundíveis de guitarra e os vocais rasgados que se tornariam marca registrada no som do Creedence.

Seus primeiros singles incluíram as canções “Fight Fire” e “Walk Upon The Water”, dois grandes clássicos do rock de garagem.

Ainda não era o Creedence, embora já tivesse a formação original.

O que o Creedence trazia de original?

Certamente não era uma proposta inusitada, já que sua música era baseada no rhythm’n’blues básico, no blues, no folk e no country.

No redemoinho comportamental dos anos 60, no qual todo mundo contestava tudo, o CCR só queria tocar um roquinho para animar festa de bar.

Mas seu álbum de estréia – batizado apenas com o nome da banda e lançado em 1968 – os transformou de um folclórico grupo de bar em uma referência internacional do pop dos anos 60.

O disco conseguiu obter uma vendagem excepcional, conquistando um disco de platina, prêmio que também seria atribuído aos cinco LPs subseqüentes da banda.

Com os lançamentos de “Bayou Country” e “Green River” no ano seguinte, o Creedence afirmaria sua posição de sucesso popular, sem, contudo, alterar as raízes do seu som.

Ao mesmo tempo, músicas retiradas destes dois LPs e lançadas em compacto – tais como “Proud Mary”, “Born On The Bayou”, “Bad Moon Rising” e “Green River” – tomavam de assalto os primeiros lugares das paradas.


Em 1970, esta sucessão de hits seria ampliada com outro punhado de canções de John, enquanto a banda, no auge de sua forma criativa, entrava em estúdio para gravar o LP “Willy And The Poor Boys”, que se tornaria sua obra-prima definitiva.

Um álbum recheado de clássicos: já na abertura, com o balanço do mega-hit “Down In The Corner”, o Creedence – e especialmente John – demonstrava um pique arrasador, que prosseguia nos riffs de rock’n’roll de “It Came Out Of The Sky” e na levada country da canção tradicional “Cotton Fields”, com direito a violões e arranjos vocais no melhor estilo de Nashville.

Em seguida vinha a instrumental “Poorboy Shuffle”, com destaque para a gaita tocada por John, introduzindo o groove “Feelin’ Blue”, que deixou registrado um dos mais contagiantes refrões característicos da banda.

O segundo lado começava com “Fortunate Son”, um exemplo clássico do trabalho excepcional de guitarra dos irmãos Fogerty, que prosseguia com violões no country “Don’t Look Now (It Ain’t You Or Me)”.

Na seqüência vinha a inspirada versão da banda para “The Midnight Special”, a clássica canção de Leadbelly, e depois o rhythm’n’blues instrumental “Side O’The Road”, outro prato cheio para os riffs e solos de John.

É ele mesmo que acaba a festa na última faixa do LP, “Effigy”, um psycho-country com um trabalho de bordão de guitarra inspirado na surf music.

O brilho do Creedence foi tão rápido quanto intenso.


Com “Cosmo’s Factory”, também de 1970, a banda chegou ao topo, emplacando hits atemporais, como “Travellin’ Band”, “Up Around The Bend And Looking Out My Back Door”, “Have You Ever Seen The Rain”, assim como a clássica regravação do clássico da Motown “I Heard It Through The Grapevine”.

Foi o disco mais vendido daquele ano.

Mas as relações entre os irmãos Fogerty eram ruins, o que acabou transparecendo no álbum “Pendulum”, de 1971.

No mesmo ano, Tom Fogerty deixava a banda (ele morreu de aids em 1990).

John Fogerty ficou mais um ano e depois a banda seria dissolvida.

Seu derradeiro disco, “Mardi Gras”, já trazia a marca da dissenção: John Fogerty só toca em quatro das dez faixas.

O baixista Stu Cook canta outras três e o baterista Clifford as restantes.


A luta pela primazia de tocar os hits do grupo e de levar adiante os lucros da marca Creedence Clearwater Revival levaria anos arrastando-se por tribunais e por tablóides, sem uma solução.

No Brasil, os fãs ouviam seus discos e tomavam conta de suas canções por meio dos covers de gente como Celso Blues Boy e Dr. Sin, além de Bruce Springsteen e outros.

Até que, em 1998, Cook e Clifford resolveram reativar a mística.

Ao ouvir que os remanescentes reuniram um novo grupo para andar pelo mundo tocando as velhas canções do CCR, rebatizado de Creedence Clearwater Revisited, John Fogerty ironizou: “Eis aí algo que eu gostaria de ver”.

John também criticou duramente os antigos parceiros no programa de David Letterman.

O que começou como um velho sonho hippie se transmutou numa briga milionária de copyright.

Coisas do rock.

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