A vocalista Susan “Siouxsie Sioux” Dallion e o baixista Steve Severin, dois enfants terribles dos cafundós de Londres, mal tinham completado 18 anos quando resolveram seguir (literalmente) os Sex Pistols.
Faziam parte de um pequeno grupo de adoradores chamado The Bromley Contigent.
Viajavam com os Pistols e enfrentavam todo tipo de problemas que os punks na época enfrentavam.
Siouxsie chegou a ser agredida por um árabe em Paris, em plena rua, porque usava um corpete preto de plástico, topless e suspensórios.
No final de 76, Siouxsie e Severin resolveram formar sua própria banda e convidaram alguns amigos que, como eles, não tinham noções musicais.
A idéia, no começo, era tocar a mesma música o tempo suficiente para serem expulsos do palco pela platéia.
Sid Vicious e Marco Perroni (que mais tarde tocaria com Adam & the Ants) eram seus companheiros de grupo.
Abriam shows dos Pistols, apareciam na TV nos primeiros programas transmitidos pela BBC sobre o movimento punk.
Era a época do choque, da novidade, da revolução.
Os punks tinham chegado pra abalar, e Siouxsie e os Banshees eram um claro exemplo disso.
“Nunca fomos uma banda punk”, recorda Siouxsie. “Começamos na mesma época, em 1976, mas nossa proposta era original. Só que as outras bandas eram colocadas no mesmo saco porque usavam roupas parecidas e soavam iguais. Nós nunca copiamos ninguém e éramos difíceis de ser copiados. Nunca estivemos na moda, pelo menos não naquela época. Só nos identificávamos em alguns aspectos com eles, talvez na atitude agressiva”.
Isso é fato.
Os Banshees sempre foram agressivos, ou pelo menos estavam sempre fazendo o oposto do que os padrões da época determinavam.
Tocavam versões dos Beatles e Marc Bolan em instrumentos (sempre) emprestados, e mudavam sua formação de acordo com as (anti)condições do evento.
Não eram bem-vistos por nenhuma gravadora.
Marrentos, proibiram o cineasta Derek Jarman de incluir músicas deles na trilha de “Jubilee”, porque consideravam o filme “perigosamente superficial”.
Apesar de tudo, Siouxsie não parava de aparecer na TV e nos jornais.
Era constantemente presa em plena rua por causa de suas roupas.
Foi posta para fora de uma casa noturna na ocasião da pré-estréia de “The Great Rock’n’Roll Swindlle”, o longa-metragem dos Pistols, porque usava uma camiseta em que apareciam dois cowboys homossexuais se beijando.
Já com um certo nome na praça, com uma formação mais definida (com Kenny Morris na bateria e John McKay na guitarra) e depois de vários shows autoproduzidos, eles assinaram contrato com a Polydor em 1978.
Lançaram o primeiro LP, que, como o segundo, lançado no ano seguinte (79), é difícil de ser assimilado, pelo menos por ouvidos acostumados a coisas melodiosas.
Os discos “The Scream” e “Join Hands” são duas cacetadas.
Só os Banshees tinham aquela sonoridade. Eram indefiníveis.
A entrada do baterista Budgie (que depois se casaria com Siouxsie) se deu na segunda metade de 79, após a saída meio precipitada de Morris e McKay.
Na realidade eles abandonaram o barco em plena turnê promocional do segundo disco, numa atitude classificada de “extremamente sacana” por Siouxsie.
“Algumas pessoas desistem quando não alcançam o sucesso rapidamente”, detonou a vocalista em entrevista para o Melody Maker. “Outras desistem quando o sucesso pinta rápido demais. São pessoas que não são tão fortes, quando bem-sucedidas, como o são quando fracassam. Aqueles dois filhos da puta estão nesta categoria”.
Foi quando os dois saíram que Robert Smith tocou com os Banshees pela primeira vez.
Naquela época o Cure abria para Siouxsie & the Banshees, e Smith foi o único guitarrista considerado apto para o cargo, até que aparecesse John McGeoch (que só entraria oficialmente em 81), vindo do Magazine.
Com a nova formação, gravaram “Kaleidoscope” (80).
“Foi um disco excitante de fazer”, recordou Severin. “Foi uma época de várias mudanças, com a entrada de Budgie como terceiro membro definitivo, e estávamos mudando bastante o nosso som”.
E estavam mesmo. Entraram talvez na sua fase mais fértil.
Budgie e Sioux começaram a namorar e fundaram um grupo paralelo chamado The Creatures, com um som mais alegre em comparação com os Banshees.
Os discos da banda titular, “Juju” (81) e “A Kiss In The Dreamhouse” (82), e uma série de singles, como “Happy House”, “Christine”, “Israel”, “Spellbound” e “Arabian Knights”, são desse período.
Foi a época, também, do lançamento da coletânea de singles “Once Up On A Time” (81), o disco deles que mais vendeu.
“A Kiss In The Dreamhouse” é, de todos os LPs do grupo, o preferido pelos integrantes.
“Nós fizemos o trabalho quando estávamos dissolvendo aquela formação”, conta Siouxsie. “Foi o disco mais fácil e divertido de fazer”.
Em 1983, com a saída de McGeoch, Robert Smith foi chamado de volta para a guitarra.
Eles então fizeram dois concertos no Royal Albert Hall, em Londres, que foram filmados, gravados e lançados em vídeo e LP (ambos chamados “Nocturne”).
No ano seguinte, eles lançaram “Hyaena”, até que Smith deixou a banda para reagrupar o Cure e foi substituído pelo guitarrista John Carruthers (ex-Clock DVA).
Com esta nova formação, eles gravaram “Tinderbox” (86), primeiro disco deles a entrar no Top 100 da Billboard, puxado pelo excelente single “Cities In Dust”.
Dois anos depois, quando Carruthers saiu da banda, eles recrutaram o guitarrista Jon Klein (ex-Specimen) e o tecladista Martin McCarrick para gravar o álbum “Peep Show”, mais voltado para as pistas de danças.
O single “Peek-A-Boo” atingiu o primeiro lugar da Billboard na categoria techno.
Em 1991, mesmo ano em que Sioux e Budgie se casaram, a banda lançou o LP “Superstition”, maior sucesso comercial dos caras, que só voltariam a gravar um novo disco em 1995, “The Rapture”, produzido por John Cale (ex-Velvet Underground).
Atualmente, Sioux e Budgie estão pilotando o grupo The Creatures e Severin está trabalhando com trilhas de cinema.
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