Espaço destinado a fazer uma breve retrospectiva sobre a geração mimeográfo e seus poetas mais representativos, além de toques bem-humorados sobre música, quadrinhos, cinema, literatura, poesia e bobagens generalizadas
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domingo, junho 05, 2011
Aula 53 do Curso Intensivo de Rock: O tal de Glam Rock (1)
Quando foi lançado na Inglaterra e nos Estados Unidos, no final dos anos 90, o filme “Velvet Goldmine” ajudou a ressuscitar o interesse pelo glam rock e pelo glitter style.
Quem tem por volta de 40 anos e gosta de rock sabe bem o que essas palavras significam.
Glam rock é o nome de uma estética musical, o “glamour rock”, o “rock glamouroso”.
Glitter é o correspondente para o que os seguidores da vertente sonora vestiam e usavam na época em que o som surgiu.
O glam rock apareceu no início dos anos 70, quando a onda do chamado Verão do Amor, cujo ponto alto foi o festival de Woodstock, havia terminado.
Os grandes ídolos daquele período tiveram suas vidas abreviadas pela droga, casos de Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix – para ficar nos mais conhecidos.
Havia uma grande lacuna a ser preenchida.
E grupos como Led Zeppelin, Rolling Stones e outros não estavam aptos a ocupá-la.
A tarefa coube, então, a alguns nomes que estavam despontando no cenário pop.
Entre eles, David Bowie, Marc Bolan, Roxy Music e Brian Eno.
Uma estética toda particular acompanhava a cena musical.
As roupas, que hoje passariam despercebidas em locais da moda, eram chocantes, extravagantes, cheias de plumas e paetês.
Maquiagem em excesso também fazia sucesso, tanto para homens como para mulheres.
Tudo era feito para chocar.
Outro quesito importante era o da sexualidade.
Foi o período em que a opção pelo bissexualismo era assumida por alguns dos ídolos.
Estava na moda admitir o gosto por meninos e meninas, indiscriminadamente, mesmo que isso não fosse verdade.
Bowie era particularmente hábil na manipulação de todos esses elementos.
Seu visual andrógino, seus figurinos extravagantes e a incorporação de personagens paralelos, como Ziggy Stardust, faziam dele um espetáculo à parte.
O fim dessa era foi anunciado por Bowie na pele de Ziggy Stardust, antes do célebre show de encerramento da turnê “Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, em 1973.
Ele teria dito algo como: “Este não será apenas o último show da turnê, mas o último de nossa carreira...”
David Robert Jones, ou David Bowie, nasceu em Brixton, Londres, em 8 de janeiro de 1947 e, aos 8 anos – após ouvir um disco de Little Richard – declarou que seria “o maior astro de rock da Inglaterra”.
Ele mudou o nome para David Bowie (marca de uma faca de caça) em 1966, após seu empresário, Ken Pitt, tê-lo alertado que David Jones era o nome de um sujeito que tinha acabado de ser selecionado para um novo programa de TV, The Monkees.
No início de 1968, ele parecia ter definitivamente desistido de se tornar uma estrela de rock, após ralar alguns anos como vocalista de bandas mods anônimas (Manish Boys, que abria os shows do High Numbers-The Who e do Humble Pie, do guitarrista Peter Frampton).
Na época, Bowie freqüentava os “arts labs” de Andy Warhol, em Nova York, namorava com Lou Reed, era aluno do famoso mímico Lindsay Kemp, e o principal mentor de uma pequena troupe de músicos e mímicos batizada de “Feathers”.
Nada fazia prever a rápida e surpreendente reviravolta na sua carreira paralela de roqueiro.
Durante o ano de 1969, os Feathers fizeram diversos shows multimídias, em clubes abertos e interessados como o Country Club, de Hampstead, e em universidades, como a de Brighton, mas com a saída da namorada de Bowie e principal estrela dos shows, Hermione Farthingale, o grupo se desfez, apesar da desesperada tentativa conjunta de Bowie e do baixista John Hutchinson em mantê-lo ativo.
O final da curta carreira circense possibilitou a retomada da carreira musical do camaleão.
O sucesso veio através da música “Space Oddity”, onde aparece pela primeira vez o Major Tom, o astronauta que perde o contato com a terra e passa a flutuar sem destino no espaço sideral.
Inspirada no filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick, a música foi tocada exaustivamente pela BBC inglesa quando a astronauta Neil Armstrong pisou na Lua, e se transformou imediatamente no primeiro grande sucesso comercial de Bowie.
Em 1970, ele se casou pela primeira vez, com a americana Angie Barnet, com quem teve um filho, Duncan Zowie, em 1971 (Mick Jagger dedicou uma música a Angie e intitulou a canção com seu nome, depois de ter “faturado” o casal).
Eles se conheceram em 69, quando Mary Angela Barnet tinha 19 anos, no backstage do grupo Feathers, no clube Roundhouse, uma das mecas psicodélicas da Londres da época.
Logo ela entrou para a turma de Bowie.
Mas a transa só começaria mesmo num show do King Crimson, no dia 19 de abril de 1969.
Esta, pelo menos, é a versão de Angie.
Segundo Bowie, os dois se conheceram quando estavam transando com o mesmo cara, possivelmente outro americano, Lou Reizner, chefe da Mercury Records em Londres.
Estimulado por Angie, Bowie começa a trabalhar sua imagem pública e privada, se vestindo da maneira mais escandalosa possível e afetando bichice, lançando as bases do glam rock e se deliciando com o cada vez mais íntimo Marc Bolan.
Depois de uma temporada em Nova York em que se misturou com o pessoal do Factory, o centro de criação comandado por Andy Warhol, Bowie estava numa trip velveteana: só falava de bichas, traficantes, barra pesada.
É neste clima que ele lança, em 1970, o álbum “The Man Who Sold The World”, com a célebre capa em que aparece reclinado num sofá, de vestido comprido, parecendo uma virgem pré-rafaelita.
Ele só participou de sua produção durante três dias, cantando e colocando letras nas bases criadas por Tony Visconti e o guitarrista Mick Ronson.
Neste disco, Bowie descarrega todos os pensamentos que inundavam a sua mente doentia, para dar uma visão negra do presente.
Os sentimentos existenciais eram gradualmente influenciados pela atitude nietzescheana.
O novo Bowie rodeava-se de assassinos, loucos, ocultistas, computadores e surgia sexualmente ambíguo.
O choque de abertura, “The Width Of A Circle”, oito minutos de alucinação fornecida por Mick Ronson e companhia, suficientemente selvagem para fazer com que os Led Zeppelins da altura parecessem meninos de coro angelical, era o primeiro aviso.
Em “Running Gun Blues” encontramos um paranóico veterano do Vietnã assassinando civis inocentes enquanto em “She Shook Me Cold”, Ronson exemplifica todo o seu conhecimento da mitologia do guitar-hero.
A estranha “Black Country Rock”, com sua mistura alucinante de guitarras acústicas, percussão e guitarras solos neo-orientais, possibilita a Bowie uma superficial viagem pelo glam rock, antecipando assim o projeto T. Rex, de Marc Bolan, mas sem que conseguisse marcar presença no terreno favorito do desbundado guitarrista: o culto teenager.
As últimas canções eram tematicamente ainda mais estranhas.
Baseadas em textos de H. P. Lovecraft, “The Supermen” e “The Man Who Sold The World” refletiam as crenças do falecido escritor: “Todas as minhas histórias se assentam na crença da existência de uma raça anterior à nossa que através da prática da magia negra se perdeu e se viu obrigada a abandonar o planeta, embora ainda continue planejando o seu regresso”.
O disco teve uma trajetória efêmera, estacionando apenas entre os 100 mais vendidos da Inglaterra.
Se a bichice da capa não tivesse afastado muita gente da sua audição, “The Man Who Sold The World” teria oferecido tudo o que os fãs dos Zeppelin e dos Sabbath procuravam, mais o mistério quase incompreensível que rodeava a súbita inspiração temática do álbum número um da nova década.
O guitarrista Mick Ronson é a figura principal da banda de apoio, mas seria necessário sacar os arranjos orquestrais discretos – construídos, na sua maioria, eletronicamente por Ralph Mace – e o baixo invocado do também produtor Tony Visconti – que faz misérias nos controles de mesa – para perceber o potencial sonoro do disco.
No ano seguinte, Bowie lança o álbum “Hunky Dory” (uma tradução razoável seria “tudo perfeito” ou “tudo OK”).
O LP é uma coleção de pérolas hard-pop que fazem o elogio da insanidade.
Teatro do Absurdo para principiantes.
Antonin Artaud, Ionesco e Nietzsche em episódios para a puberdade.
Mas nada disso importava muito: o disco servia apenas de vestibular para o momento máximo do glam rock, que viria logo a seguir.
O auge da carreira de Bowie acontece em 1972 quando ele incorpora Ziggy Stardust, o extraterrestre que tocava guitarra com a mão esquerda como Hendrix.
O álbum “The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars” foi concebido como se fosse uma peça de teatro em dois atos.
No show apresentado no Friars Club de Aylesbury, os fãs presentes foram literalmente à loucura com a abertura do concerto – a 5a Sinfonia de Beethoven – que introduziu Ziggy de cabelo laranja envolto num flamejante terno verde.
Ziggy, como personagem, não era apenas a mistura de Iggy Pop com Twiggy (modelo magérrima que fez muito sucesso nos sixties) e o ridículo e lendário country-singer Stardust, mas sim uma sutil montagem de todas as características básicas de qualquer estrela do rock.
Em diferentes momentos Ziggy podia ser identificado com personagens conhecidas, como o próprio Marc Bolan.
Aliás, em “Lady Stardust”, Bowie mostra que Ziggy era mesmo seu velho parceiro de cama e mesa: “As pessoas espantavam-se com sua maquiagem / Riam-se do seu longo cabelo negro e da sua graça animal” (no referido show, um slide de Bolan era projetado no fundo do palco).
O show era uma história linear mostrando o apogeu e o ocaso de uma estrela do rock, no caso o extraterrestre, Ziggy.
Em “Star”, vamos encontrar o herói no apogeu de sua carreira e nada parece impedir a sua longa trajetória rumo ao estrelato.
De repente, tudo se modifica: em “Ziggy Stardust”, Ziggy surge já envolvido pela inveja e pela fantasia.
Os que o rodeiam, oportunistas, aduladores e puxa-sacos aproveitam o talento, o dinheiro e o “cu que Deus lhe deu”.
Os outros, incluindo críticos e colegas de profissão, tentam puxar o tapete do herói e derrubá-lo do aparentemente inacessível pedestal onde está colocado.
O herói crê-se intocável, mas, como todas as estrelas, não consegue escapar ao lento declínio que o atinge cada vez mais velozmente.
Em “Sufragette City”, Ziggy aparece-nos já em processo de autodestruição.
Paranóico, incapaz de manter a energia que faz dele a estrela, Ziggy passa a ser uma triste paródia de si mesmo, acabando em “Rock And Roll Suicide” abandonado por todos à exceção de um único verdadeiro fã, que lhe diz, “não estás só! Me dá as tuas mãos” (o que era simbolicamente feito por todos os fãs no final dos shows).
Após a apresentação inicial do espetáculo, houve a atribulada entrevista coletiva realizada no dia seguinte, no saguão do Hotel Dorchester, que colocaria Davi Bowie em todas as mídias do planeta.
Ninguém poderia imaginar a loucura que invadiria o hotel e que para muitos não passou de uma grande armação de Tony De Fries, empresário do cantor.
Com Iggy Pop, maquiado de prostituta vamp e de cabelos pintados de cor de prata, estava o lendário Lou Reed, que constantemente interrompia a entrevista para beijar Bowie na boca.
Iggy Pop falava alto sobre as medidas do seu pau (23 cm, segundo ele), de como era viciado em sexo grupal e ameaçava tomar um pico de heroína a qualquer momento, para espanto dos demais hóspedes do hotel presentes no saguão.
Mas a situação dentro de Dorchester começou realmente a se parecer com um asilo psiquiátrico quando Angie Bowie, ao ser chupada no pescoço por Ernie, um dos roadies de Lou Reed, resolveu se vingar tentando meter as mãos nos seios de Lilian Roxan, uma famosa colunista australiana.
Indiferente a tudo, Bowie mantinha-se calmo, de óculos escuros e unhas pintadas, retirando-se freqüentemente para mudar de roupas e posar para fotos que ficariam bem melhor em revistas gays.
A zoeira do Dorchester mereceu críticas demolidoras de todos os jornais conservadores do planeta, contribuindo para a divulgação do trabalho do cantor.
Quando, no dia 4 de julho de 1973, Bowie desligou Ziggy da tomada, todos os “glitters kids” (as “mães” das atuais “drag queens”) choraram a morte do seu herói, mas indiferente ao chororô geral o músico passou a se dedicar a uma das suas atividades favoritas – a produção.
O grupo escolhido foi o Mott the Hoople, de Ian Hunter, que se encontrava em plena decadência e num processo de cisão interna.
Apesar das dificuldades de Bowie em mantê-los unidos, o grupo regressou às paradas de sucesso com “All The Young Dudes”, composição de Bowie e Mick Ronson.
Mas a grande vitória de Bowie como produtor foi indiscutivelmente o seu trabalho com Lou Reed no álbum “Transformer”, por muitos considerado o melhor e mais perverso de Reed, e que com este seu segundo álbum salvou uma carreira iniciada desastradamente com o obscuro “Lou Reed”.
Durante toda a década de 70, Bowie continuou incorporando personagens sexualmente ambíguos, entre eles, Alladin Sane (trocadilho com “A Land Insane”, “A Terra Insana”, que é como ele se referia aos EUA), Jean Genie (clara referência a Jean Genet, o mais maldito e pirado escritor homossexual francês) e Thin White Duke (“Magro Duque Branco”), um dândi romântico e nostálgico.
Nessa fase mais fecunda, Bowie, que se afundava em drogas pesadas, flertou com o rock dos Stones (“Pin Ups”, “Diamond Dogs”), a música eletrônica do Kraftwerk (“Station To Station”), o soul americano (“Young Americans”, “Fame”, “Golden Years”) e a música de cabaré (“Lodger”).
Livre da cocaína, ele inaugurou os anos 80 com um álbum-testamento, “Scary Monsters And Super Creps”, tocando com Robert Fripp, Pete Townshend e George Murray, entre outras feras.
No disco, Bowie enterra o passado na faixa “Ashes To Ashes”, afirmando que o antigo Major Tom não passava de um junkyie decadente.
O que veio depois foi dance music com estilos e concessões ao pop, fazendo as delícias dos programadores musicais de FM.
Em 1997, a Inglaterra e o mundo comemoraram os 50 anos do camaleão do pop, na mesma data em que o rei, Elvis, faria 62.
Algumas homenagens foram prestadas em 96: Bowie foi oficializado no Rock’n’Roll Hall of Fame, em Nova York, e recebeu um British Award, o Oscar da indústria fonográfica britânica, pela sua destacada contribuição à música do país.
Por conta dos 50 anos do artista, os dois maiores canais de televisão locais, a BBC e a ITV, dedicaram, cada uma, uma noite ao tema.
A BBC exibiu “Merry Christmas Mr. Lawrence”, mais o show/ documentário “Ziggy Stardust and The Spiders from Mars” e uma entrevista exclusiva de 45 minutos, feita pelo próprio diretor de programas da estação, Alan Yentob.
A ITV apresentou um documentário com outra entrevista e material ao vivo inédito, como o show de Bowie no Phoenix Festival de 1996 e o filme “The Hunger”.
A imprensa musical e as rádios celebraram a data de forma bem mais discreta.
Para muitos, a relevância de sua música nos últimos anos é discutível.
Mat Snow, editor-chefe da revista Mojo, acha que “Bowie ainda escreve algumas boas canções, mas, desde o início dos anos 80, seus álbuns estão longe de vislumbrar novos caminhos para a música pop”.
Paul Lester, editor da Melody Maker, admite que seu jornal não fez muito alarde: “Nosso público é muito jovem, Bowie fugiu um pouco do foco de interesse”.
O dono da festa estava mais ativo do que nunca.
Bowie atravessou 1996 em turnê ou em estúdio e repetiu a façanha em 1997 (ele fez um show beneficente no Madison Square Garden, com convidados especiais como Lou Reed, Robert Smith, Sonic Youth e Foo Fighters).
No mesmo ano, chegou às lojas o seu 21º álbum de estúdio, “Earthling”.
Sua agenda também incluiu leituras públicas de duas biografias, “Loving the Alien”, de Christopher Sandford, e “Living On The Brink”, de George Tremlett, e o pioneiro lançamento dos Bowie Bonds, títulos do artista a serem vendidos na bolsa de valores.
Longe de praticar um acionismo desenfreado às portas da velhice, Bowie afirmou à BBC que está “extremamente feliz” por fazer as mesmas coisas que fazia aos 16 anos, com a diferença de que hoje aceita a sua vida e não tem mais medo de fazer a coisa errada.
Todas as faixas de “Earthling” são tocadas pela sua nova banda – Gail Ann Dorsey no baixo, Mike Garson nos teclados, Zachary Alford na bateria – e foram compostas por Bowie em parceria com o guitarrista Reevers Gabriel, exceção feita a “I’m Afraid Of Americans”, escrita com Brian Eno.
Sobre as influências no novo trabalho, Bowie explica: “Usamos métodos de criação semelhantes aos de várias novas tendências da dance music, os sons de guitarra foram transferidos digitalmente para o sintetizador e o baterista toca sobre loops de percussão”.
Foi o Big Audio Dynamite que o introduziu a esse tipo de abordagem, anos atrás. “No momento em que os vi ao vivo, pensei: ‘isto é o futuro’”.
Os discos seminais de Bowie, você já sabe, foram lançados na década de 70, quando ele trouxe androginia, teatralidade e artificialismo à música pop.
O próprio cantor/compositor/ator/produtor considera que nunca foi um “criador original”, mas “funcionava como uma antena, que recebia e sintetizava novos sinais culturais”.
Em toda enciclopédia de rock está escrito que Bowie criou o glam, a disco music, o philly sound (a soul music da Filadélfia) e introduziu a música eletrônica no rock de rádio, o que, convenhamos, é um exagero.
Mas que ele deu uma mãozinha para a popularização desses ritmos, isso deu.
O jornalista Paul Lester, que também é autor de biografias do Blur, Pulp, Oasis e Bjork, afirma que Bowie “permitiu que as pessoas fossem femininas, dando um impulso fundamental à ambigüidade no pop”.
Sem ele, continua, “não teríamos Pet Shop Boys, Boy George, Suede, Jarvis Cocker (cantor do Pulp) e Depeche Mode”.
Nos anos 70, Bowie também foi o primeiro músico a ser levado a sério como ator e ainda teve papel fundamental na ressurreição de Lou Reed e Iggy Pop, ambos abandonados num limbo, à mercê dos próprios excessos.
O auge da carreira de Bowie também foi seu inferno na terra. Cheirava cocaína diariamente, só se alimentava de leite e passou pelos “piores problemas emocionais” (como ele contou na BBC) de sua vida.
Morou nos Estados Unidos e em Berlim, onde fez “Low”, seu disco mais experimental e, para muitos, seu maior legado até hoje.
Desde “Scary Monsters” (1980), ele mora na Suíça, está casado há mais de dez anos com a ex-modelo sudanesa Iman, com quem tem duas filhas, e largou as drogas pesadas.
Curiosamente, foi a partir desse momento que Bowie começou a fazer “o que as pessoas queriam ouvir”.
De repente, ele tinha um novo público, “do tipo que prefere Phil Collins a Velvet Underground”.
Ele considera esse período o “ponto mais baixo” de sua carreira.
O LP “Let’s Dance” (1983), seu maior sucesso comercial, marca o início de sua fase de rock de estádio banal.
O “retorno” ao pub-rock, em 1989, com o Tin Machine também não convenceu ninguém.
Mas a crítica gostou bastante de “Outside” (1995), produzido por Brian Eno.
Bowie reassumiu o espírito experimentador e fez um disco “antena”, que canta novos impulsos e mistura arte com espiritualidade.
A chegada dos 50 anos influenciou pelo menos uma letra do próximo álbum.
Bowie disse na ITV: “A canção ‘Dead Man Walking’ é uma reflexão sobre o envelhecer”.
A inspiração veio de um show a que assistiu, com Neil Young. Era um set acústico, com dois integrantes do Crazy Horse.
“Eles fizeram uma espécie de dança tribal, um montado nas costas do outro, porque eles ainda acreditam no rock e isso é ótimo”, explicou.
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