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sábado, janeiro 04, 2020

Luiz Lobão e o teste funcional na Sharp do Brasil



Mariazinha e Dona Francisca participando da Ala das Baianas 
do GRES Andanças de Ciganos

Março de 1974. Numa manhã de sábado, Lúcio Preto, Áureo Petita, Paulinho Preto e Gilberto param o carro em frente da casa da dona Francisca e começam a fazer o maior escarcéu. Dona Francisca vai até o terreiro saber o que está acontecendo:

– Dona Francisca, por favor, chame o Luiz Lobão, que ele está escalado para fazer um teste de montador de linha na fábrica de calculadoras da Sharp do Brasil! – explica Lúcio Preto.

– Mas logo hoje, em pleno sábado?... – questiona dona Francisca, visivelmente surpresa.

– Pois é. Parece que o Luiz já fez o teste escrito e hoje ele vai só fazer a avaliação física, que é feita fora da fábrica. O Paulinho e o Áureo também estão indo fazer o teste! – explicou Lúcio Preto.

Na maior boa-fé e acreditando piamente que o filho caçula tivesse tomado juízo, dona Francisca vai chamá-lo.

Ele havia chegado bêbado na madrugada anterior e vomitara a casa inteira. Um horror!

Ainda meio sonolento, Luiz Lobão se despede da mãe, entra no fusca e eles vão embora pro Bar Riachuelo, lá pelas bandas da Cidade Nova.

Retornam pra Cachoeirinha por volta da meia-noite, depois de terem detonado cinco garrafas de “pirata holandês” (Ron Montilla com leite condensado Greenland).

Luiz Lobão está capotado, quase em coma alcoólico.

Lúcio Preto e Gilberto carregam Luiz Lobão até a entrada da casa, deixam o bebum no chão, dão duas batidas rápidas na porta, entram rapidamente no fusca e saem de lá cantando pneus.

Quando dona Francisca abre a porta, toma um susto: tá lá o corpo estendido no chão.

Irritadíssima, ela começou a reclamar, enquanto tentava levantar o indigesto bebum:

– É esse que é o teste da Sharp, sem-vergonha?! É esse que é o teste da Sharp?!

Reunindo as últimas forças que ainda possuía, Luiz Lobão abriu um dos olhos, que nem o pirata do rótulo do Ron Montilla, balançou a cabeça em desaprovação e ganiu:

– Mas a senhora ainda acredita no Lúcio Preto, mamãe?...

Aí, fechou de novo o olho e voltou a dormir.

Dona Francisca era uma santa!

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